
O reflexo dos raios solares na neve é de 85%, enquanto na praia é só de 20%. "Ao longo das últimas décadas tem sido notório o aumento, ao nível global, da incidência dos vários tipos de cancro da pele. A exposição solar e as radiações ultravioleta (UVA/UVB) têm sido críticas para este aumento, visto estes tumores surgirem preferencialmente em áreas expostas à radiação", explica a oncologista Mariana Inácio.
O melanoma é um tipo de cancro que se inicia nas células melanocíticas, responsáveis pela produção de melanina, o que confere cor à nossa pele. O melanoma surge quando estas células sofrem alterações, crescendo duma maneira descontrolada e tornando-se células malignas. Atinge principalmente a pele, mas também pode ocorrer a nível dos olhos, das mucosas e, mais raramente, nos órgãos internos.
Embora seja o tipo de cancro de pele mais raro, é o que apresenta maior mortalidade. Se não for diagnosticado precocemente pode tornar-se muito agressivo, espalhando-se para órgãos como o cérebro, pulmões, fígado e gânglios linfáticos.
O frio e o vento, habitualmente secos, que se fazem sentir em zonas de grande altitude, desidratam a pele, colocando-a mais exposta a outras agressões
Os cuidados essenciais
Todos os cuidados de proteção solar que, habitualmente, tomamos quando vamos à praia devem ser reforçados também no inverno. "O frio e o vento, habitualmente secos, que se fazem sentir em zonas de grande altitude, desidratam a pele, colocando-a mais exposta a outras agressões. Assim, deve usar roupa adequada de modo a proteger o máximo de pele que é exposta aos raios UV, bem como utilizar óculos", alerta a médica.
"Nas áreas expostas, utilize um protetor solar com FPS (Fator de Proteção Solar) igual ou superior a 30, que confira proteção contra os raios UVA/UVB, aplicando-o várias vezes ao dia. Hidrate-se bem e, caso detete alguma alteração na sua pele, procure um dermatologista para um exame clínico mais detalhado", frisa.
Como é feito o tratamento destas patologias?
"Até há cerca de oito anos, o tratamento dos pacientes com melanoma avançado era feito com recurso à quimioterapia. Mais recentemente, surgiram terapêuticas inovadoras e com taxas de resposta tumoral muito superiores. Dentro destas, destaca-se a imuno-oncologia, que atua sobre o sistema imunitário, com resultados surpreendentes - este tipo de tratamento pode prolongar o tempo e a qualidade de vida do paciente", refere a médica.
Muitos especialistas consideram mesmo que este tipo de terapêutica está a mudar o paradigma do tratamento do cancro, levando a que este se torne numa doença crónica. A imunoterapia ativa o sistema imunitário, para que este discrimine quais são as células do tumor, atacando-as de forma a que estas não se desenvolvam.
Segundo dados da Globocan 2012, estima-se que, em Portugal, tenham sido diagnosticados 1.101 novos casos de melanoma, o que corresponde a 2,2% de todos os cancros. A taxa de mortalidade situa-se nos 0.9%.
Para além do tipo de exposição à radiação UV e da sua duração, existem outros fatores de risco associados ao desenvolvimento do melanoma, tais como género masculino, a idade superior a 60 anos, pessoas com pele clara, com sardas ou com muitas lesões pigmentadas, presença de cabelos loiros/ruivos e olhos azuis/verdes. Embora seja raro, pode existir uma predisposição familiar para o desenvolvimento de melanoma, sendo que o risco aumenta quanto mais familiares diretos forem afetados.
Nos últimos anos verificou-se um aumento na incidência de melanoma, mas a prevenção e deteção precoce podem fazer a diferença. A regra ABCDE pode ajudar a detetar alterações na pele: lesões pigmentadas com Assimetria, Bordos irregulares, Cores diferentes numa mesma lesão, Diâmetros superiores a 5mm e Evolução ao longo do tempo (da cor, forma, tamanho e textura).
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