Os médicos anunciaram hoje uma nova greve nacional para o final do mês de junho após uma reunião com o Ministério da Saúde, que terminou esta terça-feira (07.05) sem qualquer acordo entre as partes.
"Fomos empurrados para um processo de greve que não desejamos", lamentou Jorge Roque da Cunha, presidente do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), à RTP3.
A reunião de quase duas horas entre a Federação Nacional dos Médicos (FNAM), o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e o Ministério da Saúde terminou sem que os primeiros vissem satisfeitas as suas reivindicações, alegando falta de respostas do Governo a um caderno reivindicativo com quatro anos, que inclui uma nova tabela salarial.
A greve será de um dia em data a marcar no final de junho. "Não queremos causar dano aos nossos utentes. Mas o Ministério da Saúde não respondeu, não só à questão da dedicação plena, que estamos totalmente disponíveis para discutir, quer também à diminuição das horas de urgência no trabalho normal dos médicos, libertando tempo para as listas de espera, cirurgias e consultas", explicou o sindicalista.
Fomos empurrados para um processo de greve que não desejamos
Jorge Roque da Cunha acrescentou ainda que o ministério liderado por Marta Temido também não respondeu às revisões da carreira reivindicadas pelos médicos, pelo que garantiu em resposta uma paralisação nacional de 24 horas na última semana de junho.
Os órgãos nacionais dos dois sindicatos vão reunir-se no início do próximo mês - 7 de junho - para decidir, nessa altura, a data exata da paralisação nacional e eventuais alterações do caderno reivindicativo.
Reivindicações
São muitas as reivindicações dos médicos, relacionadas com a negociação da carreira médica e da nova grelha salarial. Entre os casos que querem ver revistos está a redução do número de horas de trabalho no serviço de urgência, das atuais 24 para 12 horas.
O representante sindical alerta, há vários meses, que a qualidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS) está no limite e que é urgente investir em tecnologia, equipamentos e recursos humanos.
Entre as reivindicações sem resposta por parte do Governo, Roque e Cunha salienta a questão salarial, garantindo que os médicos perderam 23% do poder de compra nos últimos 10 anos; a falta de profissionais de saúde nos quadros do INEM ou a ausência de legislação do ato médico.
Os médicos alertam ainda para o esvaziamento de profissionais de alguns serviços por todo o país.
A última paralisação dos médicos foi em maio do ano passado, uma greve nacional que durou três dias e foi convocada pelo SIM e pela FNAM.
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