Jorge Torgal, porta-voz do Conselho Nacional de Saúde Pública, ouvido hoje pela TSF, confirma a apresentação de um documento preliminar que define os grupos prioritários para a vacinação da COVID-19 numa reunião na semana passada com a comissão técnica independente de vacinação nomeada pela Direção-Geral da Saúde (DGS).
Segundo o documento, os doentes graves entre os 50 e os 75 anos vão ser dos primeiros a receber a vacina, assim como profissionais de saúde e utentes de lares de idosos. Já as pessoas com mais de 65 anos estão no fim da lista dos grupos prioritários.
Já esta manhã o Ministério da Saúde veio esclarecer que "a estratégia de vacinação contra a COVID-19, em preparação pela Direção-Geral da Saúde (DGS), ainda não foi discutida com o Ministério da Saúde nem validada politicamente". "As informações vindas a público estão incluídas num documento meramente técnico e são parcelares e desatualizadas", acrescenta a nota.
Segundo a TSF, Jorge Torgal confirma que alguns elementos do Conselho Nacional de Saúde Pública criticaram a proposta de vacinação. "O grupo dos mais idosos é claramente o grupo prioritário, sob o qual devia incidir toda a atividade central, a mais importante atividade, de luta contra a pandemia, porque, para mim, os mais atingidos são aqueles que morrem. A mortalidade acima de 80 anos é terrível", frisa.
À referida rádio, Jorge Torgal admite acreditar que o plano será revisto: "O que foi apresentado foi uma primeira proposta e essa primeira proposta antecedeu o conhecimento de que havia já um ensaio que mostrava que as vacinas eram eficazes nas pessoas mais idosas", cita a referida rádio.
"Tenho confiança nos meus colegas que integram a comissão. Portanto, penso que o documento final terá em conta também o progresso do conhecimento no respeitante aos resultados dos ensaios clínicos com as vacinas nos diferentes grupos etários", cita a rádio.
O plano pendente de aprovação define como prioridade na vacinação as pessoas entre os 50 e os 75 anos com doenças graves, assim como os utentes de lares e profissionais de saúde destacados para prestar cuidados de saúde. Ao todo, serão cerca de 750 mil pessoas.
De acordo com o jornal Público, nos grupos prioritários seguem-se 45 mil elementos das forças de segurança e da protecção civil e também doentes crónicos entre os 50 e os 75 anos, ou seja, três milhões de cidadãos. Só depois surgem os idosos com mais de 65 anos.
O SAPO Lifestyle pediu esta manhã uma reação do bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, à definição dos grupos prioritários no plano preliminar de vacinação contra a COVID-19.
Task force vai coordenar o plano de vacinação
A 'task-force' criada pelo Governo para coordenar todo o plano de vacinação contra a COVID-19, desde a estratégia de vacinação à operação logística de armazenamento, distribuição e administração das vacinas, tem um mês para definir todo o processo. Segundo o despacho publicado ontem em Diário da República, assinado pelos ministros da Defesa Nacional, Administração Interna e Saúde, esta task-force tem um mandato de seis meses, renovável em função do progresso da operacionalização da vacinação contra a COVID-19.
A 'task-force' tem um núcleo de coordenação, liderado pelo ex-secretário de Estado Francisco Ramos e que inclui elementos da Direção-Geral da Saúde, Infarmed e dos ministérios da Defesa Nacional e da Administração Interna e conta com o apoio técnicos de diversas estruturas.
O Estado-Maior-General das Forças Armadas, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, I. P. (INÇA), os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) e o Serviço de Utilização Comum dos Hospitais (SUCH) são as entidades de apoio técnico.
Ao núcleo de coordenação da task-force compete entregar em 30 dias todos os documentos necessários para definir na totalidade o plano de vacinação contra a COVID-19, tanto do ponto de vista da logística (armazenamento e distribuição das diferentes vacinas), como da estratégia de vacinação (identificação dos grupos alvo prioritários, administração e seguimento clínico de resultados e reações adversas).
Deve ainda definir um plano de comunicação com a população sobre a vacinação contra a COVID-19, “tendo em vista a disponibilização de informação, de forma objetiva, clara e transparente sobre o processo”, refere o despacho.Tem ainda de articular com os organismos responsáveis nas Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores todos os aspetos necessários à concretização do plano de vacinação contra a COVID-19 naquelas regiões.
“A 'task force' pode promover audição de organismos relevantes, como associações públicas profissionais e, sempre que entender necessário, solicitar o apoio de outros peritos ou de outras instituições para o desenvolvimento dos trabalhos a realizar”, acrescenta o despacho.
Os elementos que participam na 'task force' não auferem qualquer remuneração pelo exercício das suas funções.
Na semana passada, o primeiro-ministro revelou que Portugal estava preparado para comprar cerca de 16 milhões de doses de três vacinas contra a COVID-19 e adiantou que Bruxelas prepara um combate às campanhas de desinformação em relação à vacinação.
Numa conferência de imprensa no final da cimeira de chefes de Estado e de Governo sobre o combate à COVID-19, que decorreu por videoconferência, António Costa disse que as vacinas serão distribuídas simultaneamente em todos os Estados-membros e nas mesmas condições.
No caso de Portugal segundo António Costa, "relativamente a três das vacinas, já estão definidas as doses a comprar: numa 6,9 milhões, em outra 4,6 milhões e, na terceira, 4,5 milhões".
Portugal contabiliza pelo menos 4.209 mortos associados à COVID-19 em 280.394 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).
O país está em estado de emergência desde 09 de novembro e até 08 de dezembro, período durante o qual há recolher obrigatório nos concelhos de risco de contágio mais elevado.
A pandemia de COVID-19 provocou pelo menos 1.422.951 mortos resultantes de mais de 60,4 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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