Os hospitais estão a ter dificuldades em remarcar as cirurgias adiadas pelas sucessivas greves no setor da Saúde. As paralisações estão a provocar esperas de meses e nem os doentes mais urgentes, com cancro, escapam, revela o Diário de Notícias.

As estimativas apontam para cerca de três mil cirurgias adiadas por cada dia de greve, o que numa paralisação de seis dias equivale a falar em 18 mil operações canceladas. 

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"Admito que cirurgias não urgentes possam já não ser feitas neste ano, mas, em 2019, porque é preciso responder primeiro aos casos mais urgentes", admite uma médica de um grande hospital da região de Lisboa e Vale do Tejo ao referido jornal.

"No meu caso, o planeamento é feito mês a mês. Tenho 12 doentes com cancro que tiveram cirurgias adiadas por causa da greve dos enfermeiros de setembro e três delas voltam a ter operações canceladas por causa destas greves de outubro. Portanto, vão ter de esperar pelo menos dois meses".

Greve atingiu os 100% de adesão em algumas unidades

Ontem, centenas de cirurgias foram adiadas por todo o país, devido à greve dos enfermeiros, que em alguns hospitais está a ter uma adesão de 100%, segundo um balanço do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP). Abrantes, Chaves, Bragança, Tondela, Viseu, Lamego, Famalicão e Figueira da Foz foram alguns dos hospitais mais afetados.

Os enfermeiros estão hoje no segundo dia de seis dias de greve para exigir ao Governo que apresente uma nova proposta negocial da carreira de enfermagem que vá ao encontro das expectativas dos profissionais e dos compromissos assumidos pela tutela.

Com início às 08:00, a greve realiza-se esta quinta-feira em todas as instituições de saúde do setor público que tenham enfermeiros ao serviço, segundo o pré-aviso de greve.

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"A greve tem como objetivo essencial exigir ao Governo a apresentação de uma proposta de carreira que vá ao encontro das expectativas dos enfermeiros, mas, mais do que isso, que vá ao encontro dos compromissos que foram assumidos por parte do Governo e do Ministério da Saúde no protocolo negocial que visava precisamente determinar quais as matrizes e em que moldes iria ser feita a valorização da carreira de enfermagem", disse à agência Lusa Guadalupe Simões, dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).

A paralisação nacional repete-se nos dias 16, 17, 18 e 19 de outubro, dia em que está marcada uma manifestação em frente ao Ministério da Saúde, em Lisboa, para exigir do Governo o cumprimento dos compromissos que assumiu mo processo negocial de 2017.

Os sindicatos exigem a revisão da carreira de enfermagem, a definição das condições de acesso às categorias, a grelha salarial, os princípios do sistema de avaliação do desempenho, do regime e organização do tempo de trabalho e as condições e critérios aplicáveis aos concursos.