O Governo alemão avançou hoje que testes realizados a amostras retiradas ao opositor russo Alexei Navalny, internado em Berlim, provam sem equívoco a presença de Novichok, um agente neurotóxico da era soviética.

Num comunicado, o porta-voz do executivo alemão, Steffen Seibert, precisou que testes realizados num laboratório militar alemão especializado em farmacologia e toxicologia mostraram a presença de "um agente químico nervoso do grupo Novichok".

Alexei Navalny foi envenenado com um agente tóxico nervoso, um "incidente chocante", reiterou o porta-voz do governo alemão que refere que se tratam de "provas inequívocas" de um envenenamento.

O mesmo porta-voz declarou ainda que o executivo liderado pela chanceler alemã, Angela Merkel, irá informar os seus parceiros na União Europeia (UE) e na NATO sobre os resultados dos testes. E acrescentou que Berlim irá consultar os parceiros, em função da resposta da Rússia, “sobre uma resposta conjunta apropriada”.

Os envenenamentos - confirmados e prováveis - de personalidades russas
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Na semana passada, o hospital universitário Charité, em Berlim, pediu a colaboração do laboratório militar de farmacologia e toxicologia de Munique (Baviera), no qual trabalham os maiores especialistas alemães em substâncias tóxicas e agentes químicos.

Inicialmente, os médicos alemães indicaram que Navalny apresentava indícios de ter sido envenenado por "uma substância do grupo dos inibidores de colinesterase", que podem ser encontradas em medicamentos, mas também em inseticidas e em agentes nervosos, sem conseguirem precisar qual.

“Embora o seu estado de saúde permaneça grave, não há um perigo imediato para a sua vida", reforçou, na altura, o hospital universitário.

No entanto, segundo frisou a mesma equipa médica, “devido à gravidade do envenenamento do paciente, ainda é muito cedo para avaliar os potenciais efeitos a longo prazo”.

Principal opositor do Presidente russo, Vladimir Putin, conhecido pelas investigações anticorrupção a membros da elite russa, Alexei Navalny, 44 anos, está internado desde 20 de agosto, em coma, primeiro num hospital de Omsk, na Sibéria, e desde 26 de agosto num hospital de Berlim.

O político sentiu-se mal durante um voo e a família e colaboradores suspeitam que foi vítima de envenenamento intencional.

O Kremlin (Presidência russa) considera as conclusões avançadas sobre este caso como "precipitadas".

União Europeia, NATO, Estados Unidos, Alemanha, França e Reino Unido pediram uma investigação ao alegado envenenamento do opositor russo.