É uma doença que afecta o nervo óptico, que é a estrutura que conduz a visão do olho para o cérebro. À medida que a doença avança vão-se perdendo fibras nervosas, o que habitualmente se traduz por perda de campo visual, e só numa fase avançada leva a perda de visão central. É por este motivo que cerca de 50% das pessoas com glaucoma não estão diagnosticadas, uma vez que a perda de campo visual passa despercebida.

Quem tem maior risco?

Existem vários factores de risco para ter glaucoma. Os principais são a idade, ter família directa com glaucoma, ter miopia alta (acima de 6 dioptrias), e a pressão intraocular elevada. No entanto, existem doentes que desenvolvem glaucoma com pressões intraoculares dentro de valores normais, o chamado glaucoma de pressão normal. Portanto, rastrear a pressão intraocular não permite excluir a presença de glaucoma.

Qual o tratamento?

Quer se trate de um glaucoma de pressão normal ou de alta pressão, o tratamento passa sempre por baixar a pressão intraocular, porque isso é o que consegue parar a progressão da doença.

Para isso, existem três opções: laser, gotas ou cirurgia. Desde 2019 que o laser SLT (trabeculoplastia selectiva laser), é uma opção de primeira linha, uma vez que foi demonstrado que consegue reduzir a pressão intraocular de forma idêntica às gotas, sem os incómodos e/ou efeitos secundários da aplicação diária de gotas. Além disso, o laser SLT é indolor e não deixa cicatrizes.

Há vários tipos de laser usados em oftalmologia de que já pode ter ouvido falar, como o laser para a retina, que é um tratamento frequente para a retinopatia diabética, o laser YAG usado após cirurgia de catarata para “limpeza” da lente intra-ocular, ou até mesmo o laser para deixar de usar óculos. Neste caso, o laser SLT é outro tipo de laser, útil para o glaucoma.

Para que serve a cirurgia?

A cirurgia de glaucoma não é habitualmente uma opção de primeira linha, excepto em alguns casos, como glaucomas muito avançados em que seja necessário reduzir a pressão intraocular rapidamente e para valores bastante reduzidos. Existem várias opções cirúrgicas e todas elas servem para baixar a pressão intraocular e não para recuperar o nervo óptico. Uma vez que há morte das células do nervo óptico, não existe forma de as recuperar. Portanto, estas cirurgias não permitem recuperar visão ou campo visual perdidos devido ao glaucoma, mas sim reduzir a pressão intraocular para tentar estabilizar a progressão da doença.

Em resumo, a maioria dos casos de glaucoma pode iniciar tratamento com laser SLT ou aplicação de gotas, e alguns casos, irão precisar de cirurgia quando as restantes opções não consigam estabilizar o glaucoma.

Por fim, importa realçar que a perda visual no glaucoma é evitável, caso o diagnóstico seja precoce e o tratamento iniciado de forma atempada. Por isso, a única forma de saber que tem a doença é através de avaliação oftalmológica.

Um artigo de João Barbosa Breda, Médico Oftalmologista no Instituto CUF Porto.