Num editorial conjunto publicado na revista científica Science Robotics, os especialistas consideram que a pandemia pode ser um ponto de viragem na forma como as organizações usam robôs para os trabalhos “aborrecidos, sujos e perigoso”.
No texto assinado pelos académicos, refere-se que os robôs poderão desempenhar tarefas como desinfeção de superfícies, medição de temperatura a pessoas em locais públicos ou pontos de entrada como fronteiras, apoio social a doentes de quarentena, recolha de amostras biológicas, realização de testes e transmissão de conferências para audiências virtuais.
“No geral, o impacto da Covid-19 pode conduzir a uma investigação continuada na robótica para lidar com os riscos das doenças infecciosas”, o que exige investimentos na investigação, sem o que “a História irá repetir-se e não existirão robôs preparados” para ajudar na próxima pandemia e assim reduzir a exposição de seres humanos a agentes patogénicos.
A experiência com o surto do vírus Ébola de 2015 permitiu identificar uma variedade de usos possíveis, mas o investimento dispendioso que poderia ser usado para investigação multidisciplinar continua a ser “raro e dirigido para outras áreas”, assinalam.
O diretor do Instituto de Robótica Contextual da Universidade de San Diego, Henrik Christensen, e a presidente da Academia Nacional das Ciências norte-americana, Marcia McNutt, que estão entre os autores, salientam que os robôs podem ser usados para garantir cuidados clínicos através de telemedicina, podem recolher resíduos contaminados e ser usados para fiscalizar o cumprimento de quarentenas voluntárias.
“Já assistimos à utilização de robôs em tarefas de desinfeção, entrega de medicamentos e comida, medição de sinais vitais e controlo de fronteiras”, escrevem.
Por exemplo, já há robôs que desinfetam superfícies com raios ultravioleta, e os investigadores antecipam um futuro em que poderão ser usados robôs de nova geração para estarem constantemente a limpar, desinfetar e esterilizar superfícies, que também podem estar contaminadas com vírus.
“O uso de ‘robôs sociais’ também é uma oportunidade de garantir interação social e adesão a regimes de tratamento sem aumentar o medo de propagar doenças”, referem, ressalvando que nessa área, é mais problemático.
“As interações sociais baseiam-se na construção e manutenção de modelos complexos de relações entre pessoas, incluindo o seu conhecimento, crenças e emoções, bem como o contexto e o ambiente em que interagem”, justificam.
No caso de grandes encontros e conferências internacionais, poderão “aumentar as novas formas de reunião, virtuais em vez de presenciais”.
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