“Não estivemos parados e, contudo, como todos os outros, tememos não estar preparados porque não depende só de nós”, afirmou Marta Temido, no final do debate de atualidade pedido pelo CDS no parlamento 9 sobre a resposta do país ao coronavírus.
A ministra reiterou a intenção do Governo de “continuar a melhorar” a linha de saúde 24, com um novo ‘call center’ preparado para responder a duas mil chamadas em simultâneo.
Sem dar números concretos, que tinham sido pedidos por várias bancadas, Marta Temido comprometeu-se também com uma maior resposta às necessidades futuras com a doença em termos de camas e ventiladores, mas recusou que o Governo tenha errado ao não introduzir mais cedo restrições a viagens.
“As restrições às viagens tinham um efeito ilusório de nos proteger de um mundo cada vez mais global, passámos a acompanhar viajantes provenientes da China, depois de Itália, provavelmente teremos de pensar no mesmo sistema para outros passageiros de áreas afetadas”, afirmou.
A ministra recusou também que fosse possível regular que cidadãos de áreas onde há mais casos, como Felgueiras e Lousada, tivessem “menos acesso ao Portugal que é de todos”.
“Não estamos de acordo”, afirmou.
Quanto à possibilidade de serem realizados mais testes, também pedido por vários partidos no debate, a ministra garantiu que o alargamento das pessoas testados será feito “à medida que as autoridades de saúde o recomendarem”.
“É sobretudo o momento de aliar contenção, precaução à mitigação, não deixando nunca de ajudar ninguém, não deixando nunca que alguém fique sozinho em casa isolado, sem pão, sem água, sem serviços básicos, disso não nos absteremos”, assegurou.
O surto de COVID-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.600 mortos em todo o mundo. A Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou pandemia na quarta-feira. O número de infetados ultrapassou as 125 mil pessoas, com casos registados em cerca de 120 países e territórios.
Portugal ordenou o encerramento de todas as escolas a partir de segunda-feira, bem como outras medidas. Esta semana já tinha sido anunciado a suspensão de todos os voos de e para Itália.
A DGS fez na quinta-feira novas recomendações à população.
Face ao avanço da pandemia, vários países têm adotado medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena inicialmente decretado pela China na zona do surto. Vários países na Europa, como Itália, Noruega, Irlanda, Dinamarca, Lituânia, França e Alemanha, encerram total ou parcialmente escolas, universidades, jardins-de-infância e outras instituições de ensino.
Nos últimos dias, Itália tornou-se o caso mais grave de epidemia fora da China e o Governo em Roma decidiu na segunda-feira alargar a quarentena, imposta inicialmente no norte do país, a todo o território italiano.
Na quarta-feira, as autoridades italianas voltaram a decretar medidas de contenção adicionais e ordenaram o encerramento de todos os estabelecimentos comerciais à exceção dos de primeira necessidade, como supermercados ou farmácias.
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