Através de um projeto de resolução (sem força de lei) divulgado hoje, a deputada recomenda ao Governo que, "em colaboração com a Ordem dos Psicólogos Portugueses, crie o Cheque Psicólogo com o objetivo de aumentar o acesso da população aos cuidados de saúde em psicologia e reduzir as desigualdades e barreiras estruturais existentes".

Em comunicado, Cristina Rodrigues explica que esta proposta, que a "Ordem dos Psicólogos apresentou em 2014", visa igualmente "reduzir o encargo económico gerado pela doença mental, reduzir a necessidade de acesso aos cuidados de saúde primários por problemas psicológicos, reduzir o consumo de medicação psicotrópica e os custos que lhe estão associados, reduzir a necessidade de acesso aos serviços hospitalares de psiquiatria e saúde mental e reduzir o estigma associado com a saúde mental".

Com esta iniciativa, a deputada (ex-PAN) recomenda também ao Governo liderado por António Costa que "conclua rapidamente" o concurso "aberto em 2018 para contratação de 40 psicólogos para os cuidados de saúde primários", que reforce as consultas de saúde mental por videoconferência "no contexto da covid-19", e lance uma "campanha nacional de sensibilização e prevenção para os problemas de saúde mental no contexto da covid-19".

A parlamentar quer ver também concretizado "no terreno do Programa Nacional para a Saúde Mental, definindo objetivos, metas e medidas a implementar, procedendo à sua atualização tendo em conta os novos desafios resultantes da pandemia".

No que toca aos profissionais de saúde, Cristina Rodrigues propõe ainda a "implementação de estratégias de combate ao 'burnout' [esgotamento]", o reforço do "sistema de apoio psicológico destinado a estes profissionais, em particular aos que estão na linha da frente do combate à propagação da covid-19" e o reforço da "linha de aconselhamento psicológico no SNS 24 para dar apoio às preocupações e desafios psicológicos dos utentes e dos profissionais de saúde".

Cristina Rodrigues refere que "Portugal é dos países com maior prevalência de doenças psiquiátricas e maior consumo de antidepressivos e ansiolíticos", e teme que a situação se agrave devido à pandemia.

"O isolamento provocado pelo dever de recolhimento obrigatório, a incerteza da manutenção do posto de trabalho, o desemprego, os desafios da adaptação ao teletrabalho e a necessidade de conciliar esta tarefa com a prestação de cuidados aos filhos em consequência do encerramento das escolas, a perda de rendimentos, o receio de contrair o vírus, a ausência de contacto com amigos e familiares e, em alguns casos, a sua perda, terá um impacto bastante negativo na saúde mental dos portugueses", alerta.