A Alemanha é o terceiro país da Europa com mais casos de COVID-19, de acordo com a Universidade Johns Hopkins. Mais de um terço dos infetados concentram-se na região da Renânia do Norte-Vestefália.
Também Manuel Campos, presidente do Grupo de Reflexão e Intervenção – Diáspora Portuguesa na Alemanha (GRI-DPA), acredita que a comunidade se tem mostrado “muito atenta à situação”, “crítica” e “responsável nos seus atos”.
“Têm sido muitos os centros e associações que planeavam a celebração de festas, concertos e outras atividades culturais e que, no sentido das medidas decretadas, as têm adiado ou suspenso”, adiantou à agência Lusa.
António Horta, a viver em Gelsenkirchen, no estado alemão que regista mais casos do novo coronavírus, admite que a comunidade portuguesa da região “está bastante sensibilizada e preocupada com a situação.”
“As pessoas trocam mensagens através da internet com os cuidados a ter”, acrescenta à Lusa o dono de uma empresa com cerca de duas dezenas de funcionários.
“Convoquei os trabalhadores da minha empresa e pedi para seguirem os avisos das autoridades. Em caso de contágio de um deles, estão em causa a saúde e também o futuro da empresa. Um encerramento seria fatal para todos. Além disso, coloquei desinfetante à entrada e as saudações são apenas por gestos”, descreve.
Confessa que não entrou em pânico, nem fez compras adicionais, mas triplicou os cuidados e segue à risca os conselhos do departamento de saúde da cidade.
“Evito sair de casa, apenas o faço para ir trabalhar. Trago comigo luvas e desinfetante no bolso”, conta, admitindo que começou a ficar bastante preocupado quando viu os países a tomarem medidas drásticas, como o fecho de fronteiras ou cancelamento de feiras.
Na Alemanha, as fronteiras já são controladas, as escolas e jardins-de-infância foram encerrados, tal como bares, discotecas, pubs, e parques infantis. As viagens de autocarro de longa distância foram proibidas e os restaurantes só podem estar abertos até às 6 da tarde.
“É difícil saber se as decisões, tomadas por um país ou outro, são as certas, as verdadeiras ou se vão ser tomadas a tempo e horas. Ninguém sabe (…) Há que ponderar os atos e decisões, ouvir os especialistas”, considera Manuel Campos.
“Penso que aqui se reagiu quando se devia ter reagido, as decisões e medidas foram tomadas com sentido, sem cair numa situação de pânico ou alarmismo. Isso foi tido em conta. Numa situação destas não vejo que a Alemanha tenha reagido mal”, avalia Alfredo Stoffel em declarações à Lusa.
Para o conselheiro das comunidades portuguesas na Alemanha, o país “teve uma atitude bem pensada, não se criou uma situação de pânico ou desinformação”.
Portugal registou ontem a primeira morte por COVID-19, anunciou a ministra da Saúde, Marta Temido. Trata-se de um homem de 80 anos, com "várias patologias associadas" que estava internado há vários dias no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, disse a ministra, que transmitiu as condolências à família e amigos.
Há pelo menos 331 pessoas infetadas em Portugal, segundo o boletim diário de ontem da Direção-Geral da Saúde (DGS). Dos casos confirmados, 192 estão a recuperar em casa e 139 estão internados, 18 dos quais em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI). O documento da DGS assinala 2.908 casos suspeitos, dos quais 374 aguardavam resultado laboratorial. Das pessoas infetadas em Portugal, três recuperaram.
O Governo português declarou na sexta-feira o estado de alerta no país, colocando os meios de proteção civil e as forças e serviços de segurança em prontidão, e suspendeu as atividades letivas presenciais em todas as escolas a partir de segunda-feira, impondo restrições em estabelecimentos comerciais e transportes, entre outras.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou, na quarta-feira, a doença COVID-19 como pandemia, justificando tal denominação com os “níveis alarmantes de propagação e de inação”. O surto de COVID-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 7.000 mortos em todo o mundo.
O número de infetados ronda as 175 mil pessoas, com casos registados em pelo menos 141 países e territórios. Do total de infetados, mais de 75 mil recuperaram.
Face ao avanço da pandemia, vários países têm adotado medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena inicialmente decretado pela China. Vários países na Europa, como Itália, Noruega, Irlanda, Dinamarca, Lituânia, França e Alemanha, encerram total ou parcialmente escolas, universidades, jardins de infância e outras instituições de ensino.
Em Portugal, o primeiro-ministro, António Costa, comunicou na semana passada ao país o encerramento de todas as escolas para travar a proliferação do coronavírus, entre outras medidas. Também foi anunciado a suspensão de todos os voos de e para Itália. A Direção-Geral de Saúde também reforçou as recomendações à população.
Nos últimos dias, Itália tornou-se o caso mais grave de epidemia fora da China e o Governo italiano decidiu há uma semana alargar a quarentena, imposta inicialmente no norte do país, a todo o território italiano.
Na quarta-feira, as autoridades italianas voltaram a decretar medidas de contenção adicionais e ordenaram o encerramento de todos os estabelecimentos comerciais à exceção dos de primeira necessidade, como supermercados ou farmácias.
Veja em baixo o mapa interativo com os casos de coronavírus confirmados até agora
Se não conseguir ver o mapa desenvolvido pela Universidade Johns Hopkins, siga para este link.
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