“A embaixada tem o registo de 50 estudantes em Wuhan e está em contacto permanente com os mesmos”, disse à Lusa o adido de imprensa, Domingos Orlando.
A mesma fonte afirmou que o apoio da embaixada pode cingir-se unicamente à “componente psicológica”, já que o acesso a Wuhan está reservado apenas às autoridades chinesas. A sétima maior cidade da China, com 11 milhões de habitantes, foi colocada sob quarentena de facto, com saídas e entradas bloqueadas.
Em declarações à agência Lusa, Edmiro Costa, estudante de engenharia civil na Universidade de Wuhan, garantiu hoje que os angolanos “estão bem de saúde” e que a universidade submete os estudantes periodicamente a medições de temperatura.
“A universidade não abandonou os estudantes, estão a encarregar-se de proteger-nos, de dar alimentação, providenciar algumas máscaras, e aconselham a que ninguém saia do ‘campus'”, disse.
O angolano referiu, no entanto, que os estudantes que vivem fora das residências universitárias estão por conta própria, o que pode gerar situações “complicadas”, numa altura em que os transportes na cidade foram suspensos e os supermercados registam falta de alimentos, o que levou a uma subida dos preços.
O secretário de Estado para a Área Hospitalar angolano, Leonardo Inocêncio, assegurou hoje que “nenhum bolseiro angolano” na China foi contaminado pelo novo coronavírus, referindo que as autoridades “estão preocupadas” e “acompanham diariamente” a evolução da situação.
“[O coronavírus] é uma preocupação grande por parte do Governo em proteger os cidadãos que estão dentro, como os nossos bolseiros a nível da China. Neste momento não existe nenhum caso entre os nossos estudantes na China e que também é uma preocupação do embaixador da China em Angola que hoje terá uma reunião com a ministra da Saúde”, afirmou, em conferência de imprensa, quando questionado pela Lusa.
Segundo o governante, que fazia alusão às preocupações de bolseiros angolanos na China publicadas através das redes sociais, “diariamente a embaixada de Angola na China emite um boletim sobre o estado de saúde dos estudantes angolanos” e que “nenhum foi contaminado”.
Sem avançar o número de bolseiros angolanos na China, Leonardo Inocêncio adiantou que a questão será igualmente um dos pontos em abordagem no encontro de hoje entre a ministra da Saúde angolana, Sílvia Lutucuta, e o embaixador chinês em Angola, Gong Tao.
Na ocasião, o representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) em Angola, Javier Aramburu, referiu que a situação “ainda é uma emergência global”, considerando que a vigilância ao coronavírus deve ser contínua.
A China elevou para 106 mortos e 4.515 infetados o balanço do novo coronavírus detetado no final do ano em Wuhan, capital da província de Hubei (centro).
Em Angola, várias medidas de vigilância epidemiológica estão em curso com ações de biossegurança, sobretudo nas zonas fronteiriças.
As autoridades de Pequim confirmaram a primeira morte na capital chinesa de uma pessoa infetada pelo novo coronavírus (2019-nCoV), um homem de 50 anos que esteve na cidade de Wuhan, em 08 de janeiro.
Um primeiro caso confirmado de contaminação com este vírus foi registado na Alemanha esta segunda-feira, o segundo país afetado da Europa, depois de França.
Além do território continental da China, também foram reportados casos de infeção em Macau, Hong Kong, Taiwan, Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos, Singapura, Vietname, Nepal, Malásia, França, Alemanha, Austrália e Canadá.
As autoridades chinesas admitiram que a capacidade de propagação do vírus aumentou.
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