Se pensarmos bem, quantos cenários ocorrem no nosso pensamento que somos incapazes de partilhar? Seremos mesmo capazes de ser verdadeiros e honestos com os nossos pensamentos? A verdade é que a maioria de nós não é capaz de o fazer.

Somos capazes de pensar, de ter ideias e concepções, mas, por vezes, somos incapazes de as defender ou simplesmente de as partilhar. No fundo, somos capazes de pensar porque ninguém nos ouve, mas se alguém ouvisse os nossos pensamentos, será que faríamos de tudo para os poder controlar e para não os ter?

Muitas vezes a resposta é sim! E isto acontece acima de tudo porque - por muito que assim não queiramos - não vivemos numa sociedade completamente livre. A nossa ausência de liberdade vê-se nas coisas mais simples. Ainda não somos livres para amar quem quisermos, ainda não somos livres para nos vestirmos da forma que quisermos, para irmos a um psicólogo ou simplesmente para termos práticas religiosas diferentes.

Alguns de nós, pelo contexto social ou pela família que temos, sentimo-nos mais livres. Porém, muitos de nós ainda sentimos o peso do preconceito e do julgamento, e esse peso é considerável chegada a hora de defender ou partilhar ideias, opiniões e de tomar decisões.

A verdadeira liberdade de pensamento só é possível quando cada um de nós se centrar em si e não nos outros, quando aquilo que os outros pensam, sentem ou fazem não for - a todo o momento - alvo de avaliação e de comparação connosco próprios.

Aceitar o contraditório, aceitar o que é diferente de nós, nem sempre é tarefa fácil, no entanto, se queremos ser livres, devemos também permitir a liberdade dos outros, a liberdade de serem quem quiserem, de se expressarem da forma que quiserem, de amarem, de viverem e de se identificarem livremente com o que quiserem.

Só assim, respeitando-nos a nós e aos outros, podemos ambicionar ser verdadeiramente livres! E, quando todos pudermos ter liberdade de pensamento e de expressão, podemos ser mais felizes e sentirmo-nos bem connosco próprios.

Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida.