A fobia social é uma das perturbações mais comuns da atualidade, estimando-se que afete cerca de 9% das mulheres e 7% dos homens durante um período de 12 meses, mas a prevalência ao longo da vida pode ser de, pelo menos, 13%.

A fobia social pode começar com um traço de perfecionismo e aliar-se a situações de constante insegurança e a uma baixa autoestima, acabando por se transformar em episódios de ansiedade que evoluem para patologia. O medo e a ansiedade das pessoas com fobia social giram ao redor de sentimentos de vergonha ou de humilhação, ativando o medo de não corresponderem às expectativas dos outros.

Grande parte das vezes, as pessoas que sofrem de fobia social têm a preocupação constante de que a ansiedade que estão a sentir se torne percebida pelos outros, através da manifestação de sintomas (rubor, sudorese, tremores físicos, voz trémula, vómitos) ou que a capacidade de manter um fio condutor de raciocínio seja perdida. Situações como falar em público, conhecer pessoas novas, conversar, usar casas de banho públicas, apresentar algum trabalho, são exemplos de eventos emocionalmente ativadores para os fóbicos sociais.

Embora a maioria das pessoas com fobia social reconheça que os seus medos são irracionais e eventualmente excessivos, não conseguem controlá-los, tendo um impacto significativo nas suas vidas. Por essa razão, a fobia social requer tratamento, psicológico e/ou psicofarmacológico. A terapia cognitivo-comportamental é uma das abordagens mais eficazes no seu tratamento, ensinando as pessoas a reconhecerem e controlarem os seus pensamentos distorcidos e a rebaterem as suas crenças (falsas), assim como incita à terapia de exposição (exposição controlada à situação que provoca ansiedade), com técnicas adequadas dentro e fora do setting terapêutico.

O caminho a ser percorrido até que a fobia social possa ser efetivamente superada é longo e requer compromisso, mas há algumas dicas que podem ajudar no dia a dia.

  1. Modere ou redefina as suas expectativas e planos. Se tem muitas atividades sociais, pode negociar consigo próprio(a) o tempo em que vai ficar em cada uma delas. Se, por exemplo, jantar fora é um motivo de enorme ansiedade, considere apenas tomar um café. Não se obrigue a fazer tudo, para evitar sentir-se mal.
  2. Defina prioridades e prepare-se. Tente definir as prioridades do dia e prepare um conjunto de estratégias com o seu psicólogo para que possa usá-las antes, durante, e depois da situação pela qual vai passar. Antecipar de uma forma adequada pode ajudá-lo(a) a superar a situação que lhe causa sofrimento.
  3. Faça as pausas que forem necessárias e use técnicas de Mindfulness. Não precisa de passar por uma situação intensa de forma contínua. Imaginando que tem que ficar um determinado tempo num evento, faça pausas. Vá a um sítio privado, respire e aplique o que aprendeu em terapia para controlar a sua fisiologia e os seus pensamentos.
  4. Aceite os seus pensamentos negativos para que possa mudá-los. É bastante comum que pessoas com fobia social acreditem que estão constantemente a serem avaliadas e julgadas por todos à sua volta. Isso gera uma sensação de insegurança, como se todos estivessem a ver apenas os seus “defeitos”. A parte mais difícil pode ser aceitar que a fobia é real, mas os julgamentos que imagina que os outros façam de si, podem não ser reais. Aceite que tem pensamentos negativos, mas aprenda a procurar evidências que os suportem ou a refutá-los. O seu psicólogo ajudá-lo-á a desconstruí-los, por forma a que deixem de ser tão perturbadores.
  5. As emoções que sente são consequência dos seus pensamentos ou são elas que despoletam os seus pensamentos? A pergunta é traiçoeira, mas ajuda-o(a) em terapia a fazer a identificação dos seus gatilhos emocionais, pensamentos e comportamentos disfuncionais. Depois de identificados, aprenderá estratégias de desconstrução cognitiva e de gestão emocional.
  6. Mudança gradual de comportamentos. Os comportamentos de evitamento, comuns em pessoas com fobia social, podem ser modificados e redefinidos com ajuda profissional, por forma a que dê pequenos passos em direção à mudança, sem que se sinta assoberbado(o) ou que o faça desistir e conformar-se com a patologia.

À semelhança de outros quadros clínicos, aprender a gerir a sua ansiedade social significa assumir compromissos ​​e construir a sua confiança, fazendo aquilo que lhe parece difícil. Uma boa relação terapêutica ajudá-lo-á a definir o ritmo e o nível do desafio, com a segurança de que não está sozinho. Mantenha sempre em mente que os pequenos passos são sempre bons, mesmo que lhe pareçam insignificantes. Como diz António Machado: o caminho faz-se caminhando.

Um artigo da psicóloga clínica Laura Alho, da MIND | Psicologia Clínica e Forense.