Em tempo de fim de ano gostamos de fazer balanços, gostamos de olhar para o que conquistamos e gostamos de estabelecer novos objetivos e novas metas para o ano que vai entrar. Este hábito faz de nós seres conscientes que procuram ser cada vez melhores e que procuram alinhar-se consigo próprios e preparar-se para o futuro.
Apesar disso, este hábito deixa-nos também a muitos de nós, em época de fim de ano, ‘sem chão’, com uma certa sensação de vazio e de mal-estar. Isto acontece, porque à medida que se começa a fazer o balanço de fim de ano, percebemos, muitas vezes, que - ano, após ano - definimos objetivos que ficam guardados na gaveta, temos sonhos para os quais parecemos nunca ter a ação necessária para lhes dar asas e os tornar realidade.
E, assim, de um lado nosso que procura ser consciente e alinhar-se para o futuro, rapidamente resvalamos para um lado nosso mais desmotivado e com uma tonalidade mais triste.
É aqui que reside o perigo dos planos de fim de ano, porque acabamos - muitas vezes - aquém de todos os nossos desejos. E, à medida que esta sensação se vai repetindo - ano, após ano - vamos começando a deixar de sonhar, a deixar de definir objetivos e de nos mobilizarmos para os alcançar. Porque, no limite, acreditamos não ser capazes de o fazer.
Nestas circunstâncias, aquilo que é mais importante é aceitarmos tudo aquilo que estamos a sentir, permitindo-nos explorar o porquê de cada emoção que está a surgir e, a partir daí, integrá-la na fase de vida em que estamos, dando-lhe um significado.
Só se aceitarmos este impasse em que estamos e se olharmos com atenção para a forma como estamos a gerir a nossa vida e o porquê de não nos permitirmos a ter espaço para nós próprios e para os nossos objetivos, podemos - gradualmente e com consciência - inverter esta tendência.
Ao fazê-lo com clareza, podemos aproveitar esta fase de impasse de uma forma positiva, tornando-nos mais capazes de definir quer os objetivos do futuro, quer o caminho que devemos fazer para os atingir.
Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.
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