Os irmãos são, por norma, companheiros de vida, é com os irmãos que uma criança começa a explorar o mundo, a rivalizar e a desenvolver competências. Os irmãos são, assim, um pilar que aumenta o sentimento de pertença da criança e lhe dá segurança pela vida fora.
Apesar de todo o lado mágico que os irmãos comportam, na infância e adolescência é comum existir atrito significativo entre os irmãos, que, por vezes, acaba por afetar a dinâmica diária da família. Por isso, é essencial estar atento à relação dos irmãos desde cedo, não para evitar o conflito, mas para que possam ter uma relação harmoniosa, com espaço ao crescimento. Para isso, os pais, podem começar por:
1 - Assegurar às crianças que o amor dos pais por cada um dos filhos não é questionável - um dos grandes pontos de atrito dos irmãos, prende-se com a ideia de que um dos irmãos é preferido para os pais. Neste sentido, é essencial que as crianças percebam que os pais podem relacionar-se de forma diferentes com diferentes filhos, porque têm idades diferentes ou, simplesmente, porque têm uma personalidade diferente. Isto pode ser explicado às crianças, cada filho exige dos pais, ações diferentes. No entanto, apesar de exigir ações diferentes, o amor que os pais sentem pelos filhos nunca é questionável e, isso, deve ser garantido às crianças.
2 - Haver momentos a sós com cada filho - todos os filhos gostam de, por vezes, ter os pais só para si. Por isso, nem que seja apenas pontualmente, é essencial criar momentos a sós de cumplicidade com cada filho, seja uma ida ao parque, comer um gelado ou simplesmente, brincar com a criança.
3 - Promover a gestão autónoma dos conflitos - os irmãos irão sempre entrar em conflito, no entanto, não devemos evitar esses conflitos, devemos apenas ensinar as crianças a geri-los e promover que o façam de forma tendencialmente autónoma. Isto é, as crianças criam os conflitos e devem ser elas próprias a encontrar as soluções para esses conflitos. Ou seja, os pais devem estar alerta, mas não devem ter uma intervenção dirigida à resolução dos conflitos entre irmãos. Se for necessário a intervenção dos pais, esta deve ser num sentido de mediação ouvindo as crianças e promovendo a sua capacidade de encontrarem a solução por si próprias.
4 - Não fazer comparações entre as performances dos irmãos - as comparações no meio familiar fazem com que muitas vezes, um dos irmãos se sinta mais frágil ou menos amado do que o outro. Por isso, devemos evitar fazer comparações e optar por valorizar as diferenças, sempre numa perspetiva positiva. Por exemplo, em vez de dizermos consecutivamente “o Pedro é excelente aluno e o João só tem notas medianas”, podemos optar por “o Pedro é excelente aluno ficamos muito felizes com as suas boas notas, mas o João é excelente no desporto, ficamos mesmo felizes com as suas competências físicas".
5 - Ensinar a expressar o que sentem e as suas necessidades - muitas vezes os conflitos aparecem porque nenhum dos irmãos é capaz de expressar aquilo que está a sentir ou aquilo de que precisa. Assim, é muito importante que, fora dos momentos de zanga, os pais possam ensinar as crianças a expressar todas as suas emoções e as suas necessidades. É quando uma criança consegue expressar o que está a sentir e tudo aquilo que precisa para o seu bem-estar, que os conflitos tendem a diminuir e a empatia entre irmãos tende a aumentar.
Perante tudo isto, é absolutamente essencial que os pais estejam conscientes que os irmãos terão sempre momentos de oscilação entre sintonia e conflitos. Estes conflitos são saudáveis e são, muitas vezes, uma grande aprendizagem para os irmãos, dando-lhes - desde que corretamente geridos - ferramentas para aprenderem a relacionar-se de forma positiva.
Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.
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