Os irmãos são, regra geral, um dos principais apoios um do outro, um motor para a promoção de competências e para o desenvolvimento integral das crianças. É, em grande parte, através dos irmãos que se aprende a rivalizar, a gerir conflitos e a negociar. Esta é, por isso, uma relação muito rica em tudo aquilo que implicam as aprendizagens para a vida e para o dia a dia das crianças.
Ainda assim, apesar de toda a riqueza que implica a relação de irmãos, não são raras as vezes em que a relação parece tornar-se demasiado difícil e demasiado exigente, gerando conflitos significativos que contaminam o bem-estar familiar.
Quando este cenário se dá, é essencial ajudar a crianças e dar-lhes algumas ferramentas que promovam uma relação positiva e saudável entre irmãos, para o fazermos é essencial começar por:
1. Evitar as comparações - quando existem comparações constantes entre irmãos, alimentamos a rivalidade e criamos a sensação que, em determinadas áreas, um dos irmãos é mais capaz do que o outro! No fundo, muitas vezes, as comparações, têm como objetivo mostrar o exemplo que queremos que um dos irmãos siga, mas mais não fazem do que fazer uma das crianças sentir-se em défice e pouco valorizada.
2. Facilitar uma comunicação saudável - qualquer uma das crianças, precisa de se sentir ouvida, precisa de sentir que o seu ponto de vista é acolhido e precisa de se sentir valorizada. A melhor forma para conseguirmos tudo isto, é através da comunicação, por isso, é essencial ensinar os irmãos a comunicar, a partilhar aquilo que sentem e as suas necessidades. Mesmo que não o consigam fazer sempre e em tempo real, aos poucos vão adquirindo essa competência, que implica saber expressar-se e saber ouvir.
3. Definir de forma clara as regras e os limites - as zangas são naturais e importantes, mas há limites que nunca devem ser ultrapassados, e é muito importante que isso fique claro para os irmãos. Ou seja, há luz verde para se zangarem, mas não há luz verde para determinados comportamentos que os podem magoar e esses comportamentos que não são permitidos têm de estar identificados e sinalizados de forma clara.
4. Promover a resolução autónoma dos conflitos - é essencial darmos espaço aos irmãos para tentarem resolver os conflitos que vão surgindo. Assim, ao invés de socorrer a todos os instantes que existe um conflito, é essencial, dar-lhes espaço para, gradualmente, irem tentando diferentes estratégias para solucionar os conflitos em que ficam enredados. Sempre que os irmãos não conseguem uma resolução autónoma dos conflitos, os pais devem intervir apenas como mediadores. Isto é, torna-se essencial que os pais não escolham um dos lados do conflito, mas sim que ajudem as crianças a pensar, ajudem-nas a expressar o que estão a sentir e a encontrar uma solução para o problema que está a ocorrer.
Uma relação de irmãos forte e saudável é sempre um grande promotor do bem-estar emocional de uma família. Para além disso, nunca nos esqueçamos que os irmãos são também um laboratório de aprendizagem e que, ao ensinarmos os irmãos a estabelecer relações saudáveis e positivas, essa aprendizagem facilitará a conexão entre eles e ficará para a vida como um forte laço que os une e dá robustez à sua relação.
Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.
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