A adolescência é, por si só, uma fase turbulenta física e emocionalmente, não há como uma adolescência não ser exigente e não colocar a nu diversos medos e fragilidades. São alguns destes sobressaltos da adolescência que alavancam o crescimento, no entanto, quando estes sobressaltos não são olhados de frente e um adolescente se torna incapaz de lidar com eles, podem exercer uma força de bloqueio ao bem-estar e ao crescimento pleno de uma adolescente.

Neste contexto, um dos maiores travões dos adolescentes prende-se com a ansiedade, seja ansiedade com o seu próprio corpo, ansiedade académica, social ou até familiar. Aquilo que acontece é que, no meio de tantos apelos e exigências, os medos sobressaem e a sensação de incapacidade, por vezes, toma o controle do adolescente.

Nestas circunstâncias para ajudar um adolescente a lidar com a ansiedade, seja lá ela de que tipo for, é essencial começar por: 

1. Ajudar o adolescente a expressar o que sente

Para reduzir os níveis de ansiedade é absolutamente essencial que o adolescente tome consciência da sua ansiedade e tenha espaço para a expressar de forma livre, sem questões e sem julgamentos acerca de tudo aquilo que está a sentir. No fundo, permita-se a ser um colo capaz de ouvir tudo aquilo que o adolescente está a vivenciar e a sentir.

2. Ajudar o adolescente a identificar e desconstruir os seus medos

Quando estamos num cenário de ansiedade há sempre alguns medos que podem estar mais ou menos claros para o adolescente, ajude o adolescente a identificar tudo aquilo que o está a deixar assustado. Por exemplo, se existe ansiedade aos exames, será importante desconstruir qual o medo que está por trás dessa ansiedade, que pode ser ter negativa no exame, ou por outro lado, desiludir os pais, por exemplo. Ao desconstruir de forma clara os medos, torna-se mais fácil para um adolescente encontrar as estratégias certas para reduzir à mínima os seus níveis de ansiedade.

3. Evitar comparar o adolescente com outros adolescentes

Sempre que existem comparações um adolescente tende a sentir-se inferior. Isto é, em vez do adolescente olhar para a pessoa com  quem foi comparada como um modelo  a seguir, acaba por se sentir cada vez menos capaz e menos seguro de si. 

No fundo, sempre que estamos perante um adolescente com ansiedade o mais importante é levarmos o adolescente a olhar para a sua ansiedade de frente, a expressá-la e a desconstruir tudo aquilo que está por de trás da ansiedade. Só depois disto, um adolescente será capaz de encontrar a forma certa de lidar com a sua ansiedade e de evitar que esta contamine o seu bem-estar e crescimento. 

Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.