As crianças podem ser obesas por vários motivos: a inexistência de atividade física, fatores genéticos, dinâmicas familiares de alimentação pouco saudáveis e estilos de vida inadequados, ou a simultaneidade de alguns destes aspetos.

Os países da Europa do Sul como é o caso de Portugal, Espanha ou Malta têm as taxas mais altas de obesidade infantil, apesar de nos últimos anos a tendência inverter-se, segundo o Observatório Europeu de Obesidade da Organização Mundial de Saúde. Esta descida é um sinal positivo, mas é necessário estar atento porque se trata de um problema em que as crianças ficam mais sujeitas a episódios de bullying e outros tipos de discriminação.

A obesidade infantil pode ter como impacto psicológico a baixa autoestima, a diminuição no rendimento escolar, o isolamento social, dificuldades de adaptação, ansiedade, que aumentará a possibilidade de a criança vir a manifestar uma depressão ou outras perturbações psicológicas. O sofrimento emocional decorrente da importância atribuída à imagem corporal é uma das manifestações psicológicas, também pelo facto de vivermos numa sociedade que valoriza a aparência física e com muita frequência associa a beleza a ser-se magro.

Estas consequências devem levar-nos a refletir acerca da importância da prevenção da obesidade infantil.

A infância é a fase em que se adquire a maior parte de células adiposas e o excesso de peso na infância tende a manter-se na adolescência e na idade adulta. É na infância a fase em que se deve iniciar comportamentos preventivos para a obesidade.

O final da infância e adolescência traz mudanças físicas, que por si só podem vir acompanhadas de consequências psicológicas, a obesidade infantil soma a possibilidade de desafios emocionais e sociais a ser ultrapassados.

A construção da identidade e autoimagem, processo indispensável na adolescência, tem impacto significativo nos indivíduos com excesso de peso. Este fator afeta negativamente a imagem de si mesmo, podendo conduzir a perturbações de comportamento alimentar.

 Algumas ideias para refletir:

  • A ideia que a criança adquire de si mesma advém dos sentimentos e comportamentos que os outros têm para com ela, com grande ênfase para aquilo que os pais pensam, mas também todos os outros adultos e pares que a rodeiam. Aceite a sua criança e ensine-a a estabelecer relações de respeito para com todas as outras crianças. Muito importante na relação com uma criança obesa é a manifestação de aceitação e encorajamento para a mudança para que possa sentir-se bem com ela própria e aumentar a autoconfiança.
  • A família é a principal responsável pela alteração de estilo de vida e implementação de hábitos alimentares e físicos saudáveis em todo o agregado familiar. A família é um modelo de comportamento, por isso a importância de todos os elementos alterarem os seus planos alimentares e de atividade física. A redução de hábitos sedentários pode ser o propulsor para este movimento da dinâmica familiar.
  • A reflexão e a posterior prevenção da obesidade infantil serão fatores que facilitarão a introdução de novas formas de estar na vida, que proporcionam um equilíbrio emocional que é traduzido em maior estabilidade.

Sandra Helena - Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta