Foi instituído há 50 anos, no dia 8 de abril de 1971, durante o I Congresso Mundial Rom, que decorreu entre os dias 7 e 12 de abril de 1971 em Chelsfield, nos arredores de Londres, em Inglaterra. Foi lá que, na altura, os representantes dos ciganos aprovaram uma bandeira única para aquela que é a maior minoria étnica da Europa. No entanto, só durante a quarta edição do evento, que teve lugar em Serock, na Polónia, a 8 de abril de 1990, é que o Dia Internacional do Cigano, que hoje se comemora, foi oficializado.
Tal como na altura, a intenção era alertar o mundo para a ciganofobia e os problemas de uma comunidade que sempre foi alvo de preconceito, discriminação e racismo. Nos conturbados dias que correm, não é (muito) diferente. "Vivemos tempos em que os nacionalismos, o anti-ciganismo e o antissemitismo crescem novamente um pouco por toda a Europa. Há pessoas que são atacadas e até mortas por causa das suas origens, da sua cor de pele ou da sua religião", alerta Romani Rose, um ativista cigano alemão.
Em meados de março, durante uma conferência internacional promovida pelo Instituto Cigano Europeu para as Artes e a Cultura (ERIAC) foi (também) apontado o dedo à comunicação social e à indústria cinematográfica, acusando-os de retratar sempre a comunidade cigana de forma pejorativa, o que acaba por ter consequências a outros níveis. Um projeto de monitorização social envolvendo 90 organizações não-governamentais de 27 estados-membros da União Europeia confirmou os discursos de ódio de que são vítima nas redes sociais. "Banalizaram-se. Passaram a ser uma coisa normal", critica Isabela Michalache, oficial de advocacia da ERGO, uma rede de organizações internacional.
"Toda a gente sabe que, atualmente, com as redes sociais, as afirmações de ódio disseminam-se mais depressa", refere também Zeljko Jovanovic, diretor de uma instituição cigana. Apesar do preconceito, do racismo e da discriminação de que esta comunidade continua a ser alvo, também há ciganos ou pessoas com ascendência cigana que conseguiram ultrapassar o estigma, como foi o caso dos atores Charlie Chaplin, Bob Hoskins e Michael Caine, da atriz Rita Hayworth e do artista plástico Pablo Picasso.
Elvis Presley, os Gipsy Kings e, mais recentemente, Kendji Girac, que pode (re)ver na galeria de imagens que se segue, são artistas musicais que também integram a lista. Nascido a 3 de julho de 1996 em Périgueux, em França, o intérprete de "Color gitano", proveniente de uma família cigana de origem catalã, cresceu em caravanas. A revelação da sua etnia não o impediu de vencer a terceira edição de "The voice: La plus belle voix", em 2014, com uma votação recorde. Hoje, é um dos cantores franceses mais populares.
Em Portugal, o caso mais mediático é o de Ricardo Quaresma, que já veio por diversas vezes a público criticar o discurso de ódio de que a comunidade cigana é regularmente alvo. "Como homem, cigano e jogador de futebol, já participei em várias campanhas de apelo contra o racismo, não porque parece bem, mas porque acredito que somos todos iguais e todos merecemos na vida as mesmas oportunidades, independentemente do berço em que nascemos", escreveu o futebolista numa publicação nas redes sociais.
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