“A elaboração de orçamentos não implica sacrifícios; implica uma escolha. Um orçamento é um plano para o seu dinheiro que lhe permitirá assumir o controlo das suas finanças, para que possa ter todas as coisas que deseja, sejam elas quais forem. O leitor pode orientar o seu orçamento para alcançar a vida que quer, independentemente de isso incluir uma segurança financeira robusta, a liberdade para abandonar o seu emprego e viajar pelo mundo ou os recursos necessários para comprar a casa dos seus sonhos e constituir família”. As palavras são de Michele Cagan, gestora financeira, contabilista e consultora fiscal, autora do livro Poupar para Ganhar - Tudo o Que Precisa de Saber (edição Marcador).
Em síntese, a obra toca numa questão que afeta a vida de todos nós: a elaboração de orçamentos é uma competência essencial, “tem que ver com criar um plano para alcançar a segurança financeira e a prosperidade”, escreve a autora na introdução à obra. Por vezes, esse percurso pode implicar fazer cortes nas despesas (sobretudo aquelas que não nos trazem quaisquer benefícios); noutras, cria espaço para mudanças importantes na vida (como a compra de uma casa). “Mais do que tudo isto, é uma maneira de eliminar a ansiedade associada à gestão do dinheiro”, escreve Michele Cagan, que traz ao leitor as ferramentas para adquirir competências financeiras.
Da obra publicamos o excerto abaixo:
Esteja atento aos destruidores de orçamentos
Eliminar as saídas de dinheiro
Geralmente, os destruidores de orçamentos envolvem dinheiro que o leitor gasta sem dar conta, como despesas em pagamento automático ou taxas ocultas. Estes custos apanham-no desprevenido, esgotando a sua conta à ordem e roubando uma margem destinada aos objetivos do seu orçamento. É frequente serem gastos suficientemente pequenos para não se dar conta deles ou não os considerar quando procura fontes nas quais cortar — contudo, estes destruidores de orçamentos devem ser as primeiras despesas que deve eliminar.
Como se fosse um detetive, procure essas saídas de dinheiro, para as eliminar do seu orçamento. Encontrá-las-á por todo o lado, desde comissões de manutenção da sua conta à ordem a taxas de atraso referentes a livros que se esqueceu de devolver à biblioteca. Com algum esforço, conseguirá livrar-se destas saídas que aumentam as suas despesas e ganhar alguma margem no seu orçamento.
Verifique a sua conta à ordem
As comissões bancárias podem diminuir o seu dinheiro, sobretudo quando não lhes presta atenção. A maioria dos bancos cobra uma longa lista de comissões sobre as contas à ordem dos clientes e essas comissões podem aumentar muito rapidamente. Pior ainda: quando não está a contar com elas, as comissões bancárias podem dar origem a ainda mais comissões bancárias. Pode eliminar muitas delas se tomar algumas medidas simples.
- Comissões de manutenção mensais. Muitos bancos cobram comissões de manutenção mensais se o seu saldo for inferior a um montante mínimo pré-estabelecido. Pode evitar estas comissões certificando-se de que tem sempre esse montante mínimo na sua conta, solicitando ao banco que abdique da comissão se o leitor criar depósitos diretos para os seus salários ou mudando para uma conta à ordem sem comissões mensais.
- Comissões por contas a descoberto. Quando a sua conta à ordem fica com um saldo negativo, ser-lhe-ão cobradas comissões de descoberto. Certifique-se de que contabiliza tudo o que diminui o saldo da sua conta, incluindo pagamento automáticos, cheques, levantamentos em multibanco, transações com o cartão de débito e comissões bancárias.
- Comissões sobre cheques sem cobertura. Se o leitor depositar um cheque sem cobertura (o que significa que a pessoa que lhe passou o cheque não tem dinheiro suficiente na conta para cobrir o pagamento), é provável que o seu banco lhe cobre uma comissão. Não só o montante do cheque não será depositado na sua conta, como também lhe será debitado o montante da comissão.
- Comissões sobre extratos em papel. Agora há bancos que cobram comissões pelo envio de extratos em papel. Mudar para extratos eletrónicos não só eliminará essa comissão como também poupará a destruição de algumas árvores.
Resumindo: os bancos cobram comissões por quase tudo. Aceda ao site do seu banco e analise a lista de comissões (por vezes, é difícil encontrá-la) para saber exatamente quanto lhe cobra a instituição.
Custos adicionais evitáveis que se acumulam
Alguns custos são difíceis de detetar; limitamo-nos a pagá-los e seguimos em frente. Por vezes, são despesas em pagamento automático; outros são pequenas comissões cobradas de vez em quando. Contudo, até os pequenos custos adicionais, quando somados, podem acabar por fazer uma mossa significativa no seu orçamento, nos casos em que os faz com regularidade, portanto, vale a pena tomar medidas para os evitar — e isso é ainda mais verdadeiro quando descura despesas maiores.
Exemplos de custos extras evitáveis:
- Subscrições com “período de experiência gratuito” que se esqueceu de cancelar.
- Adesões a serviços que não usa (como o ginásio).
O maior custo evitável: os encargos referentes a pagamentos em atraso. Pagar estes encargos é como deitar o seu dinheiro para o lixo.
Se der por si a falhar consistentemente os prazos de pagamento, ganhe o hábito de pagar as contas assim que as recebe ou automatize o pagamento de contas que são iguais todos os meses. Também pode definir vários lembretes para o ajudarem a cumprir os prazos de pagamento, pelo menos até ter o hábito de fazer sempre pagamentos atempados.
Crie entraves aos gastos
As aplicações e os sites tornam extremamente fácil gastar dinheiro sem sequer reparar. Quando paga com o telemóvel, não tem a sensação de estar a gastar dinheiro, e o mesmo acontece com as encomendas online com um só clique. Estas «conveniências» contam-se entre os maiores destruidores de orçamentos, e eliminá-las criando entraves aos gastos pode fazer que seja muito mais fácil controlar os gastos por impulso.
Exemplos de entraves aos gastos incluem, por exemplo:
- Apagar os dados de cartão de crédito guardados nos sites.
- Desinstalar as apps de pagamento contactless do seu telemóvel.
- Tornar fisicamente difícil pegar no cartão de crédito.
- Desistir das subscrições de serviços online (como o Amazon Prime).
- Desativar o pagamento com um só clique.
- Desativar as compras usando apps.
Se puser em prática a totalidade ou uma parte destes entraves, ser-lhe-á mais difícil gastar dinheiro sem pensar nisso. Quando tem de pensar — mesmo que por apenas alguns segundos — no que está a comprar, é mais provável que desista da compra e poupe o dinheiro para algo que realmente deseja.
O preço dos animais de estimação
A maioria das pessoas subestima grandemente o custo de ter um animal de estimação, o que pode levar a dores de cabeça no que toca ao orçamento. Se for o seu primeiro animal de estimação (ou o primeiro de uma espécie), terá de comprar um conjunto de artigos básicos. Além dessas despesas únicas iniciais, terá custos contínuos durante toda a vida do animal de estimação.
Os custos de primeiro ano incluem aspetos como taças de comida e de água, caixas e malas de transporte, camas e despesas de adoção. Os custos contínuos do dia a dia integram alimentação, vacinas, desparasitação interna e externa e brinquedos. Se tiver de acrescentar a esse valor despesas de pet sittingou canil, terá de orçamentar um valor superior. E se o seu animal de estimação tiver uma emergência de saúde, as despesas médicas podem ser avultadas.
Se o leitor tiver animais de estimação ou estiver a pensar arranjar um, certifique-se de que inclui os custos normais e os de emergência potenciais no seu orçamento. Poderá até querer criar um fundo de emergência separado, para nunca ter de repensar a decisão de levar o seu animal de estimação ao veterinário.
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