De todos os julgamentos que fazemos, nenhum é tão importante quanto o que fazemos sobre nós mesmos! A autoestima positiva é um requisito fundamental para uma vida satisfatória. Contudo, a dificuldade em expressar os nossos sentimentos, pensamentos ou pontos de vista contribui, grandemente, para uma baixa autoestima.
Esta autoestima tem dois componentes principais: o sentimento de competência pessoal e o sentimento de valor pessoal. Por outras palavras, a autoestima é a soma da autoconfiança com o autorrespeito. Ela reflete o julgamento implícito da nossa capacidade de lidar com os desafios da vida (entender e dominar os problemas) e o direito de ser feliz (respeitar e defender os próprios interesses e necessidades).
A assertividade revela-se um elemento fundamental na criação de um forte e saudável Amor-Próprio!
Ser assertivo é uma competência que requer, na sua generalidade, treino, consciência e capacidade de observação, sendo que a resposta assertiva permite agir tendo em vista os melhores interesses do próprio, defender-se sem ansiedade excessiva, exercer os direitos pessoais sem negar os direitos dos outros, e expressar honesta e confortavelmente os próprios sentimentos (Alberti & Emmons, 2008, p.8). Esta resposta envolve, necessariamente, a consciência das possíveis consequências resultantes da expressão sincera da opinião pessoal.
Algumas características da resposta assertiva:
• Expressão direta de pensamentos e sentimentos;
• Escuta ativa do outro;
• Elaboração de questões abertas que visam conhecer as opiniões e desejos do outro (e.g., “O que pensas sobre…”);
• Frases curtas e diretas;
• Expressões iniciadas por “eu”;
• Distinção entre factos e opiniões (e.g., “A minha opinião …”);
• Sugestões e críticas construtivas que se centram na ação do outro e não na culpa excessiva (Back & Back, 2005).
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Convém salientar que o comportamento assertivo é um comportamento aprendido e situacionalmente específico (Galassi & Galassi, 1977). Isto significa que a pessoa pode aprender diferentes tipos de comportamento para diferentes situações.
Poucos indivíduos são assertivos em todas as situações, sendo que a resposta assertiva poderá ser mais fácil de utilizar em determinados contextos (ex., com os amigos) do que noutros (ex., com o patrão ou figuras de autoridade).
Como podemos, então, comunicar de forma assertiva?
- Assertividade básica e assertividade escalonada (Hargie & Dickson, 2004)
- Mensagem do eu, asserção empática, e asserção de confronto (Jakubowski &
Lange, 1978).
Assertividade básica - envolve a simples defesa pessoal de direitos, crenças, sentimentos e opiniões (e.g., “Desculpe, eu gostava mesmo de terminar esta questão antes das 17h00…”).
Assertividade escalonada – útil quando uma resposta assertiva básica não produziu qualquer efeito no recetor. Traduz-se num aumento gradual do grau de assertividade empregue (e.g., Nível 1: “Infelizmente, não tenho possibilidade de comparecer antes das 17h00”; Nível 2: “Tal como lhe disse, não me será mesmo possível comparecer antes das 17h00”; Nível 3: “Por favor, peço-lhe que não insista! Já lhe disse duas vezes que não me será possível estar presente antes das 17h00”)
Mensagem do eu - envolve a adoção de responsabilidade pelo que se verbaliza ou sente. Inclui a expressão de desejos (e.g., “Eu gostava que chegasses a horas para …”), sentimentos (e.g., “Eu sinto falta de carinho da tua parte”) e asserções (e.g., “Quando chegas atrasado e não me avisas, a comida fica fria e sem graça. Sinto que não estás a respeitar a minha dedicação. Eu gostava bastante que fizesses um esforço para chegar a horas e que me avisasses, com alguma antecedência, quando perceberes que é inevitável o atraso”).
Este tipo de resposta ao colocar a ênfase no próprio sujeito evita, grandemente, a sensação de culpabilização do outro e o ataque ao seu ego ou autoestima.
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Asserção empática - Constituída por 2 partes:
- O sujeito reconhece algo em relação ao interlocutor ou situação ( atenção à diferença entre reconhecimento e concordância) ;
- O sujeito exprime a sua situação, sentimentos, desejos ou crenças.
(e.g., “Eu entendo que estejas magoado por não te ter avisado do meu atraso. Preparaste tudo com imenso carinho e dedicação. Na realidade, fiquei sem bateria e sem forma de te avisar. Gostava muito que entendesses que me foi impossível fazê-lo…”)
Este tipo de resposta é especialmente adequado quando desejamos demonstrar alguma sensibilidade, especialmente nas situações em que o interlocutor se pode sentir ofendido com a simples expressão de desejos ou sentimentos. Facilita a escuta por parte do interlocutor ao aumentar as probabilidades de que este perceba que o seu ponto de vista foi considerado.
Asserção de confronto - Constituída por 3 partes:
1. Descrição objetiva do que a outra pessoa disse que faria;
2. Descrição do que a outra pessoa fez na realidade;
3. Expressão do que realmente se pretende.
Este tipo de resposta assertiva é apropriada quando existem discrepâncias entre as palavras do interlocutor e as suas ações (e.g., “ Prometeste-me que me avisarias com alguma antecedência, no mínimo 30 minutos, sempre que estivesses atrasada. Esta semana chegaste 3 vezes atrasada, de acordo com a hora combinada, e não me avisaste em nenhuma das situações. Expliquei-te como me sinto, habitualmente, triste com esta situação. O que achas que te está a impedir de me avisares?”).
Quando as discrepâncias são confrontadas pela simples descrição das mesmas, a resolução dos conflitos é facilitada, uma vez que o interlocutor terá menos probabilidade de reagir defensivamente, porque não se sente atacado pessoalmente.
Este tipo de confronto é particularmente eficaz nas situações em que, previamente, foi efetuado um pedido assertivo de mudança de comportamento, com o qual o outro concordou, mas que acabou por não cumprir.
Algumas respostas possíveis quando se verifica a agressividade ou persistência da parte do interlocutor:
• Ignorar o comentário agressivo ou insultuoso do outro e manter os seus objetivos (e.g., “Parece-me que está muito exaltado, acho melhor falarmos sobre este assunto mais tarde.”);
• “Nevoeiro” – traduz-se pela aceitação da crítica negativa do outro, sem demonstrar intenção de mudar o comportamento que despoletou a crítica;
• “Disco riscado” - repetir, com tranquilidade e sempre da mesma forma, o ponto de vista pessoal, ignorando as interrupções ou provocações que possam surgir da parte do interlocutor.
Sofia Rodrigues
Psicóloga Clínica/Psicoterapeuta/Formadora
Espaço Brahmi Oriental wellnes
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