Exerça a liderança dos seus dias pondo em prática, sem medo ou culpa, a melhor ferramenta para isso, a assertividade. A assertividade
impede-nos de ficarmos presos a uma vida que não nos preenche nem nos faz felizes.
Evita mal-entendidos, sentimentos de culpa e mágoa. Implica resolver os problemas quando eles acontecem e começar cada dia sem o peso do dia anterior.
Evita que fiquemos presos a crenças, ao que o outro pensa de nós ou a atitudes limitadoras. É abraçar a autenticidade e não fazer algo para parecer bem, mas porque é aquilo em que acreditamos. Tudo isto aproxima-nos da verdade e provoca mudanças positivas», sublinha Teresa Marta, CEO do projeto Academia da Coragem, em entrevista à Prevenir. «A falta de assertividade impede-nos de fazer escolhas no momento certo», alerta a especialista.
Qual a importância da assertividade?
É uma competência emocional que nos permite afirmar o self (eu), a autoestima e o nosso ponto de vista com segurança e foco claro naquilo que pretendemos alcançar. É essencial para conseguirmos resultados positivos nos objectivos que definimos e para que os timings dos processos sejam respeitados. Tem por base a coerência entre o que se diz e o que se pratica, evitando equívocos e mal-entendidos.
Além disso, dá-nos o papel de líderes da nossa vida, permitindo-nos corrigir comportamentos que nos impedem de ter sucesso. Livra-nos do acessório e permite-nos focar no que é importante e fazer mudanças para melhorar a nossa vida, sem desculpas.
Ajuda-nos, portanto, a sermos mais felizes e bem sucedidos…
Ajuda-nos a enfrentar de forma mais simples situações complexas e pouco agradáveis, por assumirmos a liderança daquilo que desejamos para nós e expressarmos a nossa vontade sem desculpas. Liberta-nos do medo e dá-nos uma sensação real de força e de concretização. Aumenta o respeito que o outro tem por nós e limita possíveis situações abusivas emocionais e até físicas.
Qual a importância da assertividade nos cargos de liderança?
A liderança sem assertividade provoca confusão e atitudes díspares ao nível da concretização. As equipas sentem-se desorganizadas e começam a agir sem coerência. Podem desenvolver atitudes de resistência à ação proativa, o que gera baixos níveis de empatia interna, cooperação, autocontrolo e produtividade.
O que nos impede de sermos assertivos?
O medo de sermos incompreendidos, do julgamento dos outros e de que não gostem de nós, e também o facto de a assertividade ser confundida com agressividade. Outro fator que inibe a assertividade são as justificações, a necessidade de explicarmos porquê, mesmo quando sabemos que temos razão. E ainda o facto de aceitarmos como verdadeiras crenças sobre nós. Não consigo ser assertiva quando tenho de dizer não...
Que consequências resultam daí?
Podem surgir imensos bugs comunicacionais, mal entendidos e resultados indesejados. A falta de assertividade impede-nos de fazer escolhas no momento certo e de liderarmos os processos, o que pode gerar frustração, angústia e stresse. Sem esta capacidade ficamos presos a situações de que não gostamos e que privam o nosso crescimento pessoal, o que leva à perda de controlo e diminui a autoestima, gerando desmotivação. Sentir que não estamos no lugar certo, na função certa ou na relação certa são fatores que levam ao ressentimento e ao sentimento culpa.
Há efeitos ao nível da saúde?
As pessoas menos assertivas costumam adoecer mais frequentemente pois carregam o peso daquilo que deveriam ter dito ou feito. Têm níveis de stresse mais elevados e menos energia anímica, cansam-se mais e debilitam o sistema imunológico, tendo querelas físicas como dor de estômago, úlceras, dores de cabeça, dificuldade em dormir, aumento da pressão arterial e estados emocionais como a raiva, a ira e a tristeza, com frequência.
Qual a diferença entre ser assertivo e ser agressivo?
O agressivo tem necessidade de dominar e de mostrar que tem razão, a qualquer custo, enquanto o assertivo comunica o seu ponto de vista sem menosprezar a opinião dos outros. O primeiro menospreza e deprecia o outro, é autoritário, intolerante e quer ser o dono da verdade, geralmente levanta a voz e gesticula para expor a sua ideia, não conseguindo sequer respeitar o tempo de feedback da outra pessoa.
Que linguagem corporal identifica uma pessoa assertiva?
O assertivo foca o olhar no interlocutor e exprime-se com calma e ponderação, mesmo em situações de stresse. Sabe ouvir e dá tempo para que o outro exponha os seus pontos de vista. Mantém uma distância de proximidade mas não invasiva. Não abandona uma conversa a meio nem interrompe o interlocutor. Não cruza os braços nem vagueia o olhar pela sala ou pelos objetos. Não usa tiques, como bater com a caneta na mesa ou estalar os dedos.
As 10 leis da assertividade
1. Planeie a conversa, o que vai dizer e como vai dizer, os limites que aceita e os que não deseja passar.
2. Tome uma posição clara sobre os assuntos e domine o tema de que fala.
3. Elimine as desculpas e as justificações.
4. Não receie dizer que não quando é necessário.
5. Não culpe os outros ou as circunstâncias por aquilo que depende de si.
6. Corrija logo situações incorretas ou que não correspondem à verdade.
7. Pare para questionar a veracidade de crenças que assume como certas.
8. Gira melhor a agenda e não adie a resolução de problemas.
9. Não se imponha limitações à capacidade de fazer mudanças e de melhorar talentos.
10. Trabalhe a capacidade para ouvir críticas e opiniões menos positivas.
É assertiva?
«Ser assertivo não significa estar certo mas ser claro, coerente e direto», alerta Teresa Marta. Uma pessoa assertiva não rodeia a realidade nem os acontecimentos, é clara na exposição dos pontos de vista, é coerente e sincera na forma como comunica e defende as suas ideias com vigor, mas também com respeito pelo contexto e pelo outro, sem ofender ou menosprezar.
Além disso, expressa-se com clareza e fala pausadamente, mantendo foco no olhar do outro. É também autoconfiante e não tem dificuldade em expressar a sua opinião, é positiva e próativa, sendo comum tomar a liderança das situações e a mediação dos conflitos interpessoais. Assume as rédeas da sua vida, nunca deixando de ser clara, objetiva, transparente e honesta, usando a boa-fé nas palavras e nas atitudes.
Texto: Fabiana Bravo com Teresa Marta (coach para a coragem e CEO da Academia da Coragem)
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