A incorreta aprendizagem emocional tem sido apontada com fonte da perturbação mental. Para que as nossas crianças e jovens desenvolvam a sua inteligência emocional, conceito introduzido por Goleman (1995) que reporta à capacidade para reconhecermos, regularmos e transmitirmos as nossas emoções quer connosco próprios, quer no contacto com os outros. Urge que pais, educadores e comunidade escolar adquiram este reportório e que o passem às crianças e jovens.

Vários autores têm defendido a existência de seis emoções primárias: tristeza, zanga, medo, nojo, surpresa e alegria. A classificação como primárias relaciona-se com o facto de serem universais, inatas, intensas, passageiras, desencadeadas por estímulos (internos ou externos) e por produzirem reações fisiológicas distintas que servem como meio de comunicação e são cruciais à sobrevivência. As emoções não são boas nem más, nem positivas ou negativas. Podem ser agradáveis ou desagradáveis, mas são todas adaptativas quando expressadas face ao contexto adequado. Compreender os propósitos e as funções das emoções é então essencial.

No quadro seguinte encontram-se resumidamente as funções adaptativas e expressões fisiológicas das seis emoções primárias.

EMOÇÃO PRIMÁRIAEXPRESSÃO

ADAPTATIVA

EXPRESSÃO FISIOLÓGICA
TRISTEZARecolher-se e/ou procurar apoio face à perdaChoro, sensação de frio nos membros e de pouca energia.
ZANGADefender-se do ataque a si próprio, pessoas queridas ou bensAceleramento cardíaco com sangue a afluir para os membros superiores, em especial as mãos para permitir a defesa
MEDOBloquear, fugir ou lutar numa situação de perigoEmpalidecimento da face, aceleramento cardíaco e fluxo hormonal que coloca o corpo em estado de alerta
NOJOEvitar ou afastar pessoa ou objeto sujo, indigesto ou ofensivoMaior ativação no olfato, paladar e aparelho digestivo
SURPRESAExplorar uma nova atividade ou situaçãoAs sobrancelhas arqueiam-se alargando o campo visual por forma a melhor compreender o acontecimento inesperado
ALEGRIAComunicar a conquista de algo desejado ou prazerosoSorriso, aumento da frequência cardíaca e da temperatura em todo o corpo e, que parece “ganhar vida”

Todas têm um propósito útil. Se forem negadas, suprimidas ou distorcidas, terão um efeito desastroso a curto ou a longo prazo sobre nós e sobre aqueles que nos rodeiam. A tristeza ou a raiva não processada adequadamente pode levar a uma depressão. Sentir tristeza é natural, faz parte da nossa biologia, a depressão é patologia. O mesmo acontece com o medo, se o negarmos corremos o risco de sofrermos de alguma perturbação de ansiedade.

Pais e educadores após dominarem o reportório emocional conseguirão dar espaço à manifestação das emoções das suas crianças no contexto adequado e poderão desenvolvê-las através de jogos, mímica, desenhos e outras actividades lúdicas.

Apostar na Inteligência Emocional das nossas crianças e jovens terá impacto positivo, ao permitir-lhes controlar melhor os seus impulsos, aumentar a sua autoestima, autoconfiança e assertividade, desenvolver a sua empatia e prevenir a existência de perturbação mental.

Catarina Barra Vaz

Especialista em psicologia clínica e da saúde e em psicologia educacional,

Psinove – Inovamos a Psicologia

www.psinove.com