Acha que é difícil ser feliz quando as circunstâncias não são as mais favoráveis? Nada mais errado! Estudos realizados pela investigadora norte-americana Sonja Lyubomirsky, autora do livro "Como ser feliz – A receita científica para a felicidade", publicado em Portugal pela editora Pergaminho, revelam que 40% da nossa felicidade está nas nossas mãos, 50% é de carga genética e apenas 10% depende das circunstâncias.
A chave da felicidade está na forma como olha para a vida, na sua postura face aos problemas e nos objetivos que define. Com a ajuda de três especialistas em psicologia, uma coach, uma neuropsicóloga e uma investigadora, traçamos 10 passos para ser mais feliz. Afinal, a felicidade mora mesmo ao seu lado. Se calhar, tem é de fazer uma pausa para observar à volta e descobrir o que fazer para a conseguir alcançar.
1. Valorize o que tem
De acordo com a psicóloga e coach especialista em psicologia positiva, Maria do Carmo Oliveira, "a maioria das pessoas tem tendência para se focar no que não tem e esquece-se de valorizar as coisas boas que ainda tem na vida. Todos nós, neste momento, temos imensas coisas pelas quais nos devemos sentir gratos, entre elas, saúde, uma família, uma casa, amigos, uma fonte de rendimento...", esclarece.
"São pequenas coisas mas que são muito importantes para nós e que, por vezes, só valorizamos quando as perdemos", constata a especialista, alertando para a necessidade de apreciar mais o que se tem. "Recordar o que a nossa vida tem de bom, faz-nos sentir mais confiantes, mais confortáveis e, inclusive, dá-nos alento para enfrentar momentos de adversidade", refere ainda Maria do Carmo Oliveira.
2. Conviva com os amigos
Falar nas redes sociais não chega. O contacto presencial é essencial. "A rede de pessoas que nos suporta, o facto de sabermos que temos com quem contar é importantíssimo", afirma Helena Águeda Marujo, professora e investigadora na área da psicologia positiva. "Mas, claro, não são quaisquer relações. São relações de suporte, generativas, positivas, respeitadoras e apreciativas", alerta a especialista.
A psicóloga e coach Maria do Carmo Oliveira lembra que "as relações de amizade constroem-se e alimentam-se no dia a dia e que existem imensas oportunidades para fortalecer os laços de amizade ou criar novos amigos. "Sair de casa, deixar de inventar
desculpas que se prendam com o cansaço e inscrever-se em novas atividades que o levem a contactar outras pessoas são dois passos fundamentais", sublinha.
3. Seja solidário
A solidariedade é outro dos caminhos para a felicidade. "Ajudar os que necessitam mais do que nós tem uma influência fortíssima no nosso bem-estar e na nossa felicidade", garante Maria do Carmo Oliveira. "O facto de nos descentrarmos de nós mesmos traz-nos uma sensação de bem-estar que perdura durante semanas", revela a especialista. Por vezes, bastam pequenos gestos para fazer (toda) a diferença.
"Podemos ser solidários, fazendo voluntariado, por exemplo, mas também através de atitudes para com os nossos amigos, familiares ou vizinhos", realça a especialista, que aponta mesmo alguns exemplos a seguir, muito fáceis de adotar no quotidiano, para o conseguir.
"Fazer um bolo para oferecer, ajudar um amigo a mudar de casa, tomar conta dos filhos dos nossos vizinhos, visitar um amigo quando ele está menos bem, são alguns exemplos de como podemos ser solidários com os que nos rodeiam", sugere a psicóloga portuguesa. "No fundo, é mostrar-mo-nos prestáveis e dar a nossa ajuda sempre que for necessário, sublinha ainda a especialista.
4. Seja otimista e confiante
Essa atitude é meio caminho andado para passar a ser uma pessoa mais feliz. "Nós temos a liberdade de escolher a forma como lidamos com as experiências de vida. Podemos lidar com dramatismo, com relativismo ou com esperança", refere a investigadora e psicóloga especialista em psicologia positiva Helena Águeda Marujo.
Para a psicóloga e coach Maria do Carmo Oliveira, "é importantíssimo acreditar que o que fazemos hoje vai trazer-nos bons resultados no futuro". "Os pensamentos comandam a vida", justifica. "Se pensar que o melhor vai acontecer, vai, certamente, sentir-se mais confiante para atingir os meus objetivos", assegua. Contudo, esta especialista ressalva que "este otimismo deve ser realista".
5. Experimente novas atividades
Aprender a fazer coisas novas é um outro passo precioso rumo à felicidade. Se, por um lado, como refere a investigadora Helena Águeda Araújo, "devemos aprender sempre mais porque é através dessas novas aprendizagens que vamos descobrindo melhores versões de nós próprios e que nos tornamos mais competentes". Por outro lado, como afirma a coach Maria do Carmo Oliveira, há que diversificar.
"Introduzir novidade no nosso dia a dia é fundamental para quebrar a rotina que é inimiga da felicidade", constata esta profissional. "Cada um tem que se manter ativo na procura dessa novidade e questionar-se sobre o que existe de novo e que nunca fez. Workshops, cursos de línguas, aulas de dança, um passeio de balão ou um salto de pára-quedas são algumas sugestões", acrescenta ainda a especialista.
6. Defina objetivos
É outra das etapas do processo. "É frequente ouvirmos as pessoas dizerem que não estão contentes com a vida que têm mas também não sabem o que devem fazer para mudá-la. É fundamental definir objetivos e começar a desenvolver ações para atingir esses objetivos. Eles são os nossos principais motivadores", afirma Maria do Carmo Oliveira, psicóloga e coach especialista em psicologia positiva.
A neuropsicóloga Carina Lobato Laria vai ainda mais longe. "É quando nos sentimos mais motivados que disparam os níveis mais altos de dopamina no nosso cérebro, o neurotransmissor que nos permite manter concentrados nos objetivos que queremos atingir e que, em conjunto com a endorfina, gera sensões de prazer e bem-estar", assegura a psicóloga e neuropsicóloga clínica.
Maria do Carmo Oliveira, psicóloga e coach especialista em psicologia positiva, alerta ainda para a importância de ir definindo objetivos fáceis de alcançar, mantendo os pés sempre bem assentes na terra. "Por vezes, objetivos simples, como fazer uma viagem ou conviver mais com os amigos, podem ser o suficiente para manter o entusiasmo pela vida", esclarece a especialista.
7. Festeje as pequenas conquistas
Não deixe para amanhã o que pode festejar hoje. "Pensar que a felicidade está lá à frente quando atingirmos aquele objetivo a que nos propusemos é o pensamento mais errado e, talvez, a principal causa de insatisfação", alerta a psicóloga e neuropsicóloga clínica Carina Lobato Faria. "A felicidade não chega quando concretizamos um objetivo", alerta, no entanto.
"É quando estamos ainda na expetativa, sem saber se vamos conseguir ou não alcançar o objetivo, que os níveis de bem-estar atingem o seu auge", revela a psicóloga. "É, por isso, fundamental validar todos os passos que vamos dando e desfrutar do conforto que proporcionam", recomenda.
8. Aprenda a lidar com as frustrações
É outro dos hábitos a interiorizar. "Quando definimos um objetivo, devemos estar preparados para o que vai ter de bom ao alcançá-lo mas também para o que vai ter de menos bom", alerta Carina Lobato Faria. "Provavelmente, vamos ser confrontados com as nossas limitações e o melhor caminho a seguir é encará-las e procurar alternativas", aconselha.
"Se não tomarmos um papel ativo na resolução dos problemas, os nossos objetivos vão parecer cada vez mais inalcançáveis", alerta ainda a psicóloga e neuropsicóloga clínica.
9. Aprecie os pequenos momentos
Aprender a saborear os bons momentos do nosso dia a dia é ainda um desafio para muitos de nós. "Atualmente, vivemos numa correria constante, como se tudo fosse acabar amanhã e esquecemo-nos de reservar tempo para nós", constata Maria do Carmo Oliveira. "Quebrar a rotina e introduzir pequenas coisas de que gostamos no nosso dia a dia é fundamental para o nosso bem-estar", alerta.
O segredo está, segundo a especialista, "em reservar 10 ou 20 minutos por dia" para fazer algo diferente. "Um passeio à beira-mar, uma refeição prolongada com a família ou uma caminhada no parque mais próximo de casa ao final do dia são momentos que fazem toda a diferença na rotina habitual e que contribuem para a nossa felicidade", garante Maria do Carmo Oliveira, psicóloga e coach.
10. Sorria mesmo quanto parece estar mal
Transmitir aos outros a mensagem de que nos sentimos bem com a nossa vida é outro passo fundamental para nos sentirmos mais felizes. "A nossa postura corporal, o facto de sorrirmos ou não quando chegamos a um sítio, influencia a forma como os outros nos vão tratar e as emoções que recebemos também pesam no nosso bem-estar", revela a psicóloga e neuropsicóloga clínica Carina Lobato Faria.
"Mesmo nos dias em que não acordamos bem-dispostos, devemos ter a capacidade de artificialmente, colocar uma carga positiva na nossa forma de estar e de interagir com os outros", recomenda. "Nós somos seres permeáveis e, se emitirmos emoções positivas aos outros, certamente que também vamos receber de volta emoções positivas", refere ainda a especialista.
Texto: Sofia Santos Cardoso com Carina Lobato Faria (psicóloga e neuropsicóloga clínica), Helena Águeda Marujo (psicóloga especialista em psicologia positiva) e Maria do Carmo Oliveira (psicóloga e coach especialista em psicologia positiva)
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