O tipo de cancro mais conhecido pela sua maior agressividade é o adenocarcinoma das vias pancreáticas. É frequente que seja diagnosticado numa fase avançada, quer pela sua extensão local, quer por apresentar metastização à distância, habitualmente para o fígado.

Nesta condição, os sintomas mais frequentes são a perda de apetite, de peso, dores abdominais frequentemente estendendo-se de um lado ao outro da região abdominal alta, podendo irradiar também para a região lombar, alterações do funcionamento intestinal, estado nauseoso, vómitos ou um prurido generalizado. Este sintoma está, habitualmente, associado ao compromisso da eliminação biliar e pode ser acompanhado do aparecimento de uma cor amarelada da pele e conjuntivas oculares (icterícia), urinas escuras e fezes descoradas.

Em situações mais avançadas, poderá ser evidente um aumento do volume abdominal quer pelo aparecimento de líquido na cavidade abdominal (ascite), quer pelo aumento do volume do fígado ou de uma massa tumoral.

Tumores localizados na cabeça do pâncreas

Nos tumores localizados na cabeça do pâncreas, isto é, na região da confluência biliar e duodenal, os sintomas são, geralmente, mais marcantes, nomeadamente a icterícia, a perda de peso e a alteração do funcionamento intestinal. Os tumores do corpo e cauda poderão ser mais tempo silenciosos, tornando-se patentes na altura em a disseminação à distância se torna evidente ou que o compromisso de raízes nervosas os tornarão mais dolorosos.

Nem todos os adenocarcinomas tem um comportamento tão agressivo, podendo ocorrer casos de crescimento mais lento e com melhor prognóstico.

Um tipo distinto de tumores do pâncreas são os tumores neuroendócrinos. Quando produzem quantidades excessivas de hormonas, o quadro clínico pode ser dominado pelos efeitos dessas hormonas. Entre os mais distintos destacam-se os produtores de insulina que produzem baixa de açúcar no sangue, sudorese excessiva e confusão e os produtores de gastrina que causam, habitualmente, doença ulcerosa grave.

Existem outros tumores mais raros que produzem diferentes tipos de hormonas que poderão ser mais facilmente diagnosticados pelas características típicas das suas manifestações. Quando não produzem excesso de hormonas ou estas são inativas estes tumores têm o mesmo tipo de manifestações que os adenocarcinomas, embora muitas vezes mais indolentes.

Sintomas devem motivar ida ao médico

As manifestações típicas do cancro do pâncreas não são exclusivas desta doença. Outras doenças benignas do estômago, vesícula biliar, fígado e intestinos, felizmente mais frequentes, poderão produzir estes sintomas. Contudo, em doentes com sintomatologia arrastada ou com risco acrescido para esta doença (alcoolismo, tabagismo, obesidade, história familiar ou pessoal de pancreatite) o recurso ao seu médico é fortemente aconselhado.

Um artigo do médico João Ribeiro, especialista em Medicina Interna e Oncologia Médica no IPO de Coimbra.