A obesidade é uma doença crónica e complexa, sendo vários os fatores que podem levar ao seu aparecimento. Não é meramente um problema estético, interfere na qualidade de vida dos indivíduos, pode associar-se à diabetes, hipertensão arterial, colesterol elevado, cancro entre outras doenças e pode mesmo relacionar-se com a mortalidade. Seis em cada dez portugueses, entre 2015 e 2016, apresentavam Pré-Obesidade ou Obesidade (IAN-AF) e, em 2019, mais de um terço tinha excesso de peso (36,6%) e quase 17% tinham obesidade.
Tratar indivíduos com excesso de peso é uma tarefa muito complicada e desafiante. O ato de comer deve ser um prazer e quando se pensa em emagrecer, muitas vezes, procuram-se informações nas mais variadas fontes algumas credíveis e outras não. Somos diariamente invadidos por influencers, youtubers, profissionais do exercício físico, nutricoachs e outros que, sem formação sobre o assunto, indicam o melhor método de emagrecer e a confusão instala-se.
Para emagrecer é importante ingerir menos energia e gastar mais. É mandatório que haja modificação no estilo de vida, quer através de uma alimentação saudável, variada e equilibrada, sendo o nutricionista a melhor fonte de informação, que ajudará a fazer escolhas acertadas e a desmistificar conceitos, quer também através da prática regular de exercício físico.
A alimentação influencia o trato gastrointestinal e, nos últimos anos descobriu-se que indivíduos com obesidade apresentam alterações na microbiota intestinal (conjunto de microrganismos que habitam no intestino). Estes microrganismos, existem em número elevadíssimo, têm vantagens por viver no intestino humano, mas o humano onde elas habitam também pode beneficiar da sua presença, isto porque, existem bactérias (Firmicutes, Enterobacter, Bacteriodetes, Staphylococcus aureus) que intervêm na regulação do apetite, na saciedade e no armazenamento de energia.
A atividade metabólica destas bactérias pode então afetar a saúde do indivíduo, sabendo-se que a microbiota de indivíduos com obesidade tem mais Firmicutes e menos Bacterioidetes. Assim, além da alimentação adequada pode ser necessário recorrer a probióticos, pois são microrganismos vivos que, quando administrados na quantidade certa, melhoram a composição da microbiota podendo inclusivamente controlar o peso corporal.
A maioria dos produtos probióticos inclui os géneros Lactobacillus (phylo Firmicutes) e Bifidobacterium (phylo Actinobacteria), porque são os mais vantajosos para a saúde humana, e alguns incluem especificamente enterobactérias Hafnia alvei HA4597 que se associam ao sistema neuronal do centro da saciedade e por isso parecem ser promissores no controlo de peso.
Um artigo de Sílvia Pinhão, nutricionista e especialista em Nutrição Clínica.
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