As sementes de cânhamo foram consumidas pela humanidade (e pelos animais) durante séculos. Populações inteiras, sobretudo na China, sobreviveram em épocas de fome devido a estas sementes.

Na China, no cinema, ainda se podem comprar sementes de cânhamo tostadas, da mesma forma que no Ocidente se encontram pipocas.

As sementes de cânhamo têm uma proporção de omega 3 e 6 ideal para a saúde humana. São igualmente ricas em minerais e em aminoácidos essenciais, o que as torna numa fonte completa de proteínas. Pela sua riqueza nutricional podem mesmo ser consideradas um super alimento da natureza.

O consumo do óleo e das sementes de cânhamo é ideal para pessoas com baixo nível de ácidos gordos essenciais, e também para atletas e crianças. É ainda particularmente valioso à população vegetariana e vegana, que encontra no cânhamo uma fonte completa de proteínas.

As sementes de cânhamo inteiras (com casca) são óptimas para fazer leite de sementes de cânhamo, para germinados ou moídas para usar em receitas com farinha. Por sua vez, as sementes descascadas são ideais para povilhar massas, saladas, arroz, para enfeitar sobremesas ou para comer simples.

O óleo de cânhamo tem um sabor suave e é ideal para temperar saladas. Devido ao seu elevado índice em ácidos gordos essenciais, não deve ser aquecido porque o calor destruirá os ácidos gordos. No entanto, pode ser adicionado a todos os alimentos retirados do calor, para melhorar o seu sabor e índice nutritivo.

Uma das maneiras mais simples de consumir cânhamo é em batidos. Basta misturar, num liquidificador, sementes de cânhamo orgânicas (inteiras ou descascadas) com fruta e um pouco de sumo.

Uma outra forma de aproveitar toda a riqueza nutricional do cânhamo é confeccionar leite das suas sementes.

A receita é simples:

  • coloque as sementes de molho durante 24 horas com algumas amêndoas orgânicas.

  • escorra, passe por água e misture num liquidificadora com um pouco de água.

  • coe com um pano ou um passador e está pronto a consumir.

Pode ser conservado durante 48h no frigorífico. Existem também já máquinas que permitem confeccionar o leite de cânhamo (assim como de outras sementes e frutos secos) de forma mais rápida (cerca de 2 minutos) e prática.

De forma a aproveitar a riqueza nutricional do cânhamo, no mercado começam a aparecer alimentos confeccionados a partir das suas sementes. Uma das novidades são barras energéticas à base de sementes de cânhamo e frutos. São pois uma excelente fonte de proteínas (cerca de 12g/100g) e um alimento bastante energético (396kcal/100g).

Ácidos gordos essenciais:


Os ácidos gordos essenciais são considerados necessários para a saúde humana e devem obter-se nos alimentos pois o nosso corpo não os consegue produzir sozinho.

Estas gorduras são também conhecidas como ómega 3 (ácido alfa linoleico) e ómega 6 (ácido linoleico) e estão disponíveis em sementes (de abóbora sésamo, linhaça, cânhamo, girassol), frutos secos (nozes, amêndoas) e no óleo dos peixes gordos.

Embora seja comum promover-se o peixe como uma boa fonte de ácidos gordos essenciais, devido à contaminação das águas, o peixe é cada vez menos saudável e apresenta muitas vezes elevados índices de mercúrio.

Fontes preferíveis são, sem dúvida, as sementes (ou o seu óleo, como por exemplo, o de girassol ou de soja) e os frutos secos.

Além disso um bom equilíbrio entre a quantidade de ómega 3 e de ómega 6 é muito importante, pois demasiado ómega 6 pode ter efeitos prejudiciais. As sementes de cânhamo neste aspecto são a melhor alternativa, pois têm a proporção ideal.

Os ácidos gordos beneficiam o corpo em muitos aspectos, mas dois deles são evidentes: as células e o cérebro. Os ácidos gordos protegem as membranas celulares e mantêm o fluído celular – importante para manter a pele saudável e na cicatrização de feridas. Também o nosso cérebro é constituído por 60% de gordura, sendo que mais de 1/3 são ácidos gordos.

Consequentemente a qualidade das gorduras é importante para uma função apropriada do cérebro. A falta destas gorduras foi já associada a dificuldades de aprendizagem e a problemas de comportamento em crianças.

Vários estudos têm comprovado que evitar as gorduras saturadas (provenientes da carne, lacticínios, óleo de palma e óleo de coco) e hidrogenadas (incluídas em margarinas, manteigas, biscoitos, bolachas, bolos e comida pré-confeccionada) e preferir gorduras ricas em ómega 3 e 6 diminui a incidência de doenças cardiovasculares e o nível de colesterol.

Texto de: Cristina Rodrigues | www.centrovegetariano.org