Na investigação, cujos primeiros resultados são agora divulgados e em que participam 4.245 psiquiatras, é proposto que iniciativas com esse objetivo sejam adotadas nos programas de formação em psiquiatria e pedopsiquiatria, a par da pertinência da psicoterapia e da discussão de casos entre pares.

O estudo procurou identificar o estigma na prática clínica destes profissionais de saúde mental e faz parte de uma investigação que tem vindo a ser conduzida em 32 países da Europa, incluindo Portugal, através do Instituto de Psicologia Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC).

“A investigação em curso pretende contribuir para que, futuramente, sejam implementadas medidas capazes de diminuir o estigma associado à saúde mental na prática clínica”, sublinhou a UC num comunicado enviado à agência Lusa.

A psiquiatra Dorottya Őri, do Hospital Psiquiátrico Infantil e Adolescente de Vadaskert, na Hungria, lidera o trabalho científico intitulado “Atitudes dos psiquiatras em relação às pessoas com doença mental: um estudo transversal e multicêntrico sobre o estigma em 32 países europeus”, publicado na revista eClinicalMedicine, editada pela The Lancet.

“Este estudo teve como objetivo central analisar a relação entre as experiências vividas na primeira pessoa dos psiquiatras e pedopsiquiatras participantes e as suas atitudes estigmatizantes em relação a pessoas com doença mental”, afirmaram as investigadoras da FMUC Ana Telma Pereira e Carolina Cabaços, coordenadoras nacionais do projeto.

“Na área da saúde, o estigma pode traduzir-se, por exemplo, em dificultar o acesso a cuidados de saúde, tratar alguém com excessivo paternalismo ou condescendência ou desvalorizar as queixas do doente, entre outras atitudes e consequências, sendo um inegável promotor de desigualdade social”, alertaram, citadas na nota.

Segundo Ana Telma Pereira e Carolina Cabaços, numa perspetiva mais abrangente, o estigma em relação à doença mental tem sido também considerado um dos principais obstáculos ao financiamento adequado de avanços técnico-científicos nesta área.

Os países que participam no estudo são os seguintes: Hungria, Portugal, Dinamarca, Lituânia, Áustria, Turquia, Albânia, Azerbaijão, Ucrânia, Eslovénia, Croácia, Sérvia, Rússia, Estónia, França, Chéquia, Irlanda, Grécia, Montenegro, Eslováquia, Letónia, Malta, Bulgária, Bielorrússia, Itália, Suíça, Alemanha, Países Baixos, Reino Unido, Bélgica, Espanha e Chipre.