O governo italiano anunciou na quinta que tinha bloqueado, com o consentimento da Comissão Europeia, a exportação de 250 mil doses da vacina AstraZeneca, produzida em território europeu.

As autoridades italianas justificaram a medida pela "persistente escassez" de vacinas e "atrasos no fornecimento" por parte do laboratório.

Foi a primeira vez que um Estado da UE bloqueou um carregamento com base no mecanismo de controlo de exportação de vacinas anticovid produzidas no bloco, criado no final de janeiro por Bruxelas e fortemente criticado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

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O gesto está a ser difundido pela imprensa australiana, embora as autoridades tenham minimizado a questão, expressando a compreensão pela gravidade da pandemia em Itália, com 20.000 novos casos diários, em comparação com apenas seis casos na Austrália no mesmo dia.

A Comissão Europeia, que autorizou a recusa italiana, lembrou esta sexta-feira que se tratava de um caso excepcional.

"Não houve outra rejeição sob o mecanismo de controlo de exportação (...) Continuamos a ser um grande exportador de vacinas", disse um porta-voz do Executivo europeu.

Entre o final de janeiro e o início de março, a UE aprovou 174 pedidos de exportação de vacinas anticovid para cerca de trinta países, incluindo Estados Unidos, Reino Unido, China, países da América Latina e Médio Oriente, mas também Austrália, informou.

Os países de baixo rendimento beneficiam-se do mecanismo internacional Covax, para o qual não é necessária autorização.

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Em uma entrevista com o ministro do Comércio australiano, Dan Tehan, o vice-presidente executivo da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, insistiu sobre "deficiências sistemáticas" nas entregas da AstraZeneca para os países do bloco europeu.

O grupo sueco-britânico anunciou que no primeiro trimestre deste ano entregará à UE apenas um terço das 120 milhões de doses inicialmente prometidas.

A pandemia de COVID-19 provocou, pelo menos, 2.570.291 mortos no mundo, resultantes de mais de 115,5 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.