A pesquisa conduzida este verão pela AVP concluiu que 54% dos estabelecimentos de ensino e dos encarregados de educação parecem não saber que a lei portuguesa prevê uma quota de 5% para a disponibilização gratuita de bebida vegetal, no âmbito do Programa de Leite Escolar.
O programa, que começou há quase meio século a distribuir gratuita e diariamente pacotes de leite pelas crianças do ensino público, passou a prever, em 2009, a possibilidade de optar por uma bebida vegetal.
Com cerca de 600 mil crianças no pré-escolar e no 1.º ciclo, “são poucas as que optam por bebidas vegetais”, disse à Lusa a vice-presidente da AVP, Joana Oliveira.
O estudo concluiu ainda que a maioria dos estabelecimentos de ensino (63%) não oferece qualquer alternativa ao leite de vaca: Mais de metade dos inquiridos revelou que, no passado ano letivo, nenhuma unidade de bebida vegetal foi solicitada para distribuição às crianças, segundo o estudo a que a Lusa teve acesso.
Além dos agrupamentos de escolas, 49% dos municípios e autarquias inquiridos também disseram que, no ano letivo passado, não tinham disponibilizado alternativas ao leite de vaca.
Para este estudo, a AVP contou com a colaboração da Direção-Geral das Autarquias Locais (DGAL), que distribuiu um questionário por todas as autarquias, “que o podiam reenviar caso não fossem a entidade responsável pela aquisição das bebidas para as escolas”, explicou a vice-presidente.
Num universo de 308 municípios, o inquérito recebeu 182 respostas: 123 autarquias e outras 46 de responsáveis ligados às escolas.
“Foi a primeira vez que avançamos com um estudo sobre a alimentação nos recreios. Até agora tínhamos estado focados nas refeições das cantinas”, disse a vice-presidente da associação sem fins lucrativos.
Joana Oliveira interroga-se sobre o que se passa nas escolas, uma vez que existem “muitas crianças com alergia à proteína do leite” e que, no mercado, há cada vez mais procura por bebidas vegetais.
“A categoria de bebida vegetal é a que tem vindo a crescer mais e há cada vez mais pessoas a deixar de beber o leite de vaca, mas esta possibilidade de beber bebida vegetal não está a ser utilizada nas escolas”, alertou.
Dos 182 participantes, 98 (54%) admitiram que este seja um direito desconhecido de encarregados de educação e das escolas.
O estudo permitia também aos envolvidos dar testemunhos sobre o que se passava nas escolas e a AVP recebeu inúmeros relatos que destacaram a importância de maior divulgação das alternativas ao leite de vaca.
“A falta de conhecimento sobre o Decreto-Lei é preocupante, pois é de esperar que os encarregados de educação e as escolas estejam informados sobre as opções disponíveis para atender às necessidades alimentares das crianças, nomeadamente aquelas com alergia à proteína do leite de vaca ou que optem por não consumir leite de vaca por razões de saúde, éticas, gustativas ou ambientais”, acrescentou Joana Oliveira.
Também chegaram à AVP testemunhos e alertas sobre “a complexidade na escolha das bebidas vegetais” disponíveis no mercado, tendo havido apelos para que haja “orientação e informações detalhadas” sobre que opções tomar.
Joana Oliveira contou ainda que a AVP já recebeu emails de autarquias e escolas a dizer que “depois do questionário, tinham decidido passar a disponibilizar mais a bebida vegetal”.
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