Perante uma catástrofe natural, como a que ocorreu no dia 6 de fevereiro que afetou a Turquia e a Síria, todas as ajudas são essenciais.

Os danos causados, por um evento potencialmente traumático, são muito abrangentes – as perdas são incalculáveis. A dor, o stress, a falta de controlo, o medo, o sentimento de insegurança, o desamparo, o luto, a perda de identidade, trarão a muitas pessoas níveis muito elevados de sofrimento psicológico. E estas emoções negativas, provocarão em muitas pessoas respostas/reações/comportamentos que demostram a angústia em que vivem, naquele momento. 

Sabemos, que muitas pessoas que vivem um evento desta natureza, após a fase aguda (3 meses) conseguirão uma estabilização emocional que lhes permitirá, apesar de tudo, seguir em frente e “reconstruir a sua vida”. Sabe-se, também, que um grande número de pessoas, após o período mais crítico, desenvolverá perturbações como Stress Pós-traumático, quadros de Ansiedade e Perturbações de humor, entre outras.

Espera-se que com a ajuda de toda a comunidade e com o apoio humanitário que já está no terreno (e a caminho) se consiga, de alguma forma “minimizar” o impacto que esta destruição tem na vida de tantas pessoas. Que a estas ajudas, se juntem psicólogos e pessoas capacitadas em primeiros socorros psicológico e intervenção psicológica em crise, porque a Ciência tem-nos mostrado que este tipo de intervenção, diminui a probabilidade do aparecimento de psicopatologias no futuro. E também, porque nesta intervenção, conseguimos fornecer a adultos e crianças, algumas “ferramentas” que as ajudarão a lidar com o “embate” emocional, o choque, o trauma, o sofrimento que vivenciaram: devemos observar e ouvir o que se passa, o que as pessoas estão a sentir, - de forma não intrusiva, de forma empática - quais as necessidades e preocupações mais imediatas, contribuir com ajuda prática, recolher a informação mais importante que permita, por exemplo, voltar a conectar as pessoas à sua rede comunitária e a outras respostas que sejam importantes, fornecer estratégias que permitam uma estabilização emocional, promover a auto-eficácia e a eficácia na própria comunidade para “enfrentar” o futuro.

É muito importante que a resposta local e comunitária, se organize e se mantenha nestas zonas (grupos de apoio). Quanto mais elevadas e eficazes forem as redes de apoio social (durante e após o incidente), quanto mais suporte for sentido, melhores resultados serão obtidos na diminuição do sofrimento psicológico destas pessoas. 

Um artigo da psicóloga Ana Carina Valente, Docente do Ispa – Instituto Universitário.