A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, convocou hoje ao fim da tarde uma conferência de imprensa para fazer um balanço do surto do novo coronavírus que foi detetado na China e que já matou mais de 200 pessoas. Graça Freitas admitiu que o grupo de portugueses que vai regressar da China é "especial", por estar no "epicentro de uma nova doença".
A diretora-geral da Saúde indica que o Ministério disponibiliza instalações tranquilas e dignas para que possam estar em "isolamento profilático", desde que aceitem estas condições. O Hospital Pulido Valente, em Lisboa, e o Hospital Militar, no Porto, serão as unidades com instalações para estes portugueses que regressam da zona de Wuahn.
Contudo, a DGS ainda está a receber opiniões de peritos para decidir se irá aplicar análises a todos os portugueses que vão regressar da China num voo especial.
Temos todos os meios e dispositivos preparados
Em declarações aos jornalistas, Graça Freitas informou que aumentou o "nível de prontidão" em Portugal para responder a um eventual surto em território nacional. "Temos todos os meios e dispositivos preparados", garantiu Graça Freitas. "Todos os países do mundo devem reforçar as medidas de contenção", referiu ainda, numa altura em que há mais de 20 países com casos da doença.
"Os focos secundários têm sido contidos, o que é uma boa notícia", comentou referindo-se à atuação das autoridades internacionais. "A taxa de letalidade não é muito elevada", acrescentou.
"Quando emergem estes novos vírus habitualmente conseguimos ter uma fase de contenção a nível do país que não é o epicentro, como é o caso de Portugal. Estamos neste momento em fase de contenção", disse Graça Freitas.
Portugal não tem legislação sobre quarentena
Segundo Graça Freitas, o Ministério da Saúde, juntamente como a Direção-Geral da Saúde, estão a fazer de "tudo" para conter a transmissão do vírus em território nacional. Sobre as entradas de estrangeiros em Portugal, a diretora-geral da Saúde não tem dúvidas: "O rastreio deve ser feito à saída, na China, já que rastreio à entrada não é claro".
Portugal não tem legislação para aplicar a quarentena, mas a diretora-geral da Saúde admite que estas pessoas ficarão isoladas em "instalações hospitalarares e não internadas" e sempre de forma voluntária.
"Outra boa notícia é que na China já houve doentes a ter alta por serem considerados como curados. A taxa de mortalidade tem-se mantido relativamente baixa para um vírus novo", repetiu.
Veja em baixo o mapa interativo com todos os casos de coronavírus confirmados
Vírus continua a alastrar
A China elevou para 213 mortos e quase 10 mil infetados o balanço do surto de pneumonia provocado por um novo coronavírus (2019-nCoV) detetado no final do ano em Wuhan, capital da província de Hubei (centro). O anterior balanço registava 170 mortos na China e 7.736 pessoas infetadas.
Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há mais de 50 casos de infeção confirmados em 20 outros países – Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Taiwan, Singapura, Vietname, Nepal, Malásia, Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Itália, Reino Unido, Austrália, Finlândia, Emirados Árabes Unidos, Camboja, Filipinas e Índia.
A OMS declarou na quinta-feira uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional (PHEIC, na sigla inglesa) por causa do surto do novo coronavírus na China.
Uma emergência de saúde pública internacional supõe a adoção de medidas de prevenção e coordenação à escala mundial. Esta é a sexta vez que a OMS declara uma emergência de saúde pública de âmbito internacional. Para a declarar, a OMS considerou três critérios: uma situação extraordinária, o risco de rápida expansão para outros países e a exigência de uma resposta internacional coordenada.
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