Os projetos, apresentados por entidades públicas e privadas, incluindo universidades, municípios e empresas, foram selecionados no âmbito do Programa AdaPT, concebido para apoiar financeiramente a atuação de Portugal em termos de adaptação às alterações climáticas.

As alterações climáticas são vistas como uma potencial agressão à saúde pública. A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem vindo a alertar para o facto de as alterações climáticas influenciarem e colocarem em causa os alicerces da saúde pública. Por outro lado, um estudo recente indica que a maior frequência de fenómenos meteorológicos extremos está a mudar os padrões de propagação de doenças infecciosas e a aumentar os casos de insegurança alimentar e má nutrição.

O grosso do financiamento (três milhões de euros) é atribuído por três países doadores - Islândia, Liechtenstein e Noruega, ao abrigo dos programas EEA Grants, e no restante pelo Fundo Português do Carbono, gerido pela Agência Portuguesa do Ambiente e criado pelo Governo para apoiar a política climática.

O Programa AdaPT, o primeiro do género, foi desenvolvido no quadro da Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas.

Um portal do clima

Um dos projetos, proposto pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), visa a criação de um portal do clima, para facilitar o acesso, por parte do público, a informação sobre cenários climáticos, incluindo dados da Quinta Avaliação do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas, da ONU.

A lista inclui também a formação de técnicos e o desenvolvimento de estratégias municipais de adaptação às alterações climáticas em concelhos-piloto e a sensibilização da comunidade escolar, mediante materiais didáticos, para a prevenção dos efeitos do aquecimento global.

Em parceria com o IPMA, o Laboratório Nacional de Engenharia Civil irá fazer auditorias energéticas e hídricas em oito hotéis do Algarve e de Lisboa e lançar uma brochura de boas práticas ambientais a distribuir por unidades hoteleiras, para "apoiar a decisão dos empresários do turismo", quanto à adaptação às alterações climáticas, para evitar a perda de competitividade e de qualidade do serviço.

Uma empresa de consultadoria, especializada em recursos hídricos, que tem como parceiros a Câmara Municipal de Monchique e o Instituto Norueguês de Floresta e Paisagem, pretende testar um sistema de recarga artificial das captações de água subterrânea, aproveitando o açude existente, para que a população do concelho possa ter água para consumo durante a estação seca.

O projeto liderado pelo Centro de Biologia Ambiental da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa propõe reduzir o custo-benefício das reflorestações no Alentejo.

Um outro, do Instituto de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico em Ciências da Construção da Universidade de Coimbra, quer criar uma plataforma de colaboração entre empresas, entidades científicas e tecnológicas, da administração local e central e associações setoriais, para a aplicação de medidas de adaptação às alterações climáticas no setor dos serviços e indústria, nomeadamente nas áreas da eficiência energética e hídrica, da qualidade do ar e do conforto no interior e exterior de edifícios.

A Associação para a Inovação e Desenvolvimento da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa compromete-se a apresentar uma estratégia para gerir melhor as albufeiras de Monto Novo e Vigia, integradas no sistema de captação de água da empresa Águas do Centro Alentejo, que abastece o distrito de Évora, para o qual se perspetivam "significativos impactos decorrentes das alterações climáticas", designadamente a diminuição da quantidade média anual de chuva. A sessão pública de apresentação dos oito projetos decorre na Secretaria de Estado do Ambiente, na presença do secretário de Estado Paulo Lemos.