A luta pelo direito ao aborto não terminou, disse Biden cinco décadas após a decisão histórica do Supremo Tribunal, medida revertida pela mesma corte em junho passado. "Hoje deveria ter sido o 50º aniversário de Roe v. Wade", escreveu no Twitter o presidente democrata, referindo-se à decisão original.

"Ao invés disso, os funcionários republicanos do Maga (apoiadores do ex-presidente Donald Trump, com o seu slogan 'Make America Great Again') travam uma guerra contra o direito das mulheres de tomar as suas próprias decisões sobre a sua saúde", lamentou Biden. "Não deixei de lutar para proteger os direitos reprodutivos das mulheres e nunca pararei."

Em junho passado, a mais alta corte americana pôs fim a essa jurisprudência, considerando que o direito à interrupção voluntária da gravidez não estava protegido pela Constituição.

O Supremo Tribunal, à qual Trump deu uma composição muito conservadora, permitiu assim que cerca de vinte estados governados por republicanos proibissem ou restringissem severamente o acesso ao aborto.

Nos seus tweets de domingo, Biden insiste que "o direito de escolha das mulheres não é negociável" e pede ao Congresso que aprove uma legislação que utilize os termos da jurisprudência "Roe v. Wade".

Mas o presidente, de 80 anos, não tem grande margem de sucesso: A Câmara dos Representantes acaba de passar para as mãos dos republicanos, e no Senado a maioria democrata é estreita.

'Como se atrevem?'

A vice-presidente americana, Kamala Harris, somou-se à reivindicação. "Como se atrevem?", vociferou durante um discurso na Florida, ao mencionar os congressistas republicanos que querem restringir e suprimir o direito ao aborto em todo o país.

Kamala criticou "as leis elaboradas por extremistas em alguns estados, incluindo a Florida", para restringir a interrupção voluntária da gravidez. "Não iremos recuar. Sabemos que a batalha não estará terminada enquanto não garantirmos esse direito", disse a vice-presidente democrata.

A organização de planeamento familiar Planned Parenthood aponta que a maioria dos americanos é a favor do direito ao aborto, e estima que uma em cada três mulheres nos Estados Unidos vive num estado que restringiu esse direito.

A presidente da organização, Alexis McGill Johnson, estimou que "o que acontece com as pacientes e a equipa médica é terrível, mas também impulsiona o nosso movimento. Estaremos lá e lutaremos. Todos os dias."

A Casa Branca prometeu proteger o acesso às pílulas à base de mifepristona, que permitem interromper a gravidez nas primeiras semanas. Também neste domingo, várias manifestações foram realizadas no país para lembrar a sentença Roe vs. Wade.