12 de julho de 2013 - 07h56
O presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), Sérgio Esperança, lamentou hoje que os médicos portugueses tenham de emigrar para o Brasil para encontrar condições atrativas e sublinhou que “fazem falta” em Portugal.
Sérgio Esperança reagia assim ao anúncio do ministro da Saúde brasileiro, Alexandre Padilha, segundo o qual os médicos estrangeiros interessados em trabalhar no Brasil terão todos os custos de viagens pagos pelo governo brasileiro e visto facilitado também para as famílias, prometendo ordenados na ordem dos 10 mil reais (3.400 euros).
“Os nossos médicos fazem-nos falta (…), sabemos que há carências em vários locais e que houve vagas que ficaram desertas. Não acho que seja positivo para os médicos portugueses terem de optar pela emigração quando foram formados neste país, com custos enormes”, comentou o dirigente da FNAM.
O mesmo responsável apontou carências em especialidades como a medicina geral e familiar, anestesia e radiologia, lembrando que continuam a existir muitos utentes sem médico de família e unidades de saúde que não dão resposta às necessidades para dizer que “há possibilidade de haver mais falta de profissionais se for apetecível para esses médicos saírem do país”.
Um médico inicia a sua carreira atualmente em Portugal com um valor base de cerca de 2500 euros, acrescentou Sérgio Esperança, assinalando que os 3.400 euros prometidos pelo Governo brasileiro “podem ser atrativos e fazer pensar duas vezes”.
O presidente da FNAM salientou ainda que os médicos portugueses são altamente qualificados e que a solução devia ser aproveitar esses recursos para serem integrados no Serviço Nacional de Saúde.
Esta segunda-feira, o Governo brasileiro lançou um plano de investimentos para a área de saúde que abrange, entre outras medidas, um programa para atração de médicos estrangeiros para zonas carentes no interior do país.
Atualmente, o Brasil possui uma relação de 1,8 médicos para cada 1.000 habitantes, enquanto que países como Portugal e Espanha possuem um índice próximo a quatro médicos por 1.000 habitantes.
As inscrições para o programa foram abertas nesta quarta-feira e vão até o dia 25 de julho, quando haverá uma primeira ronda de escolha.
A previsão, segundo o ministro brasileiro, é de que o programa, com ordenados na ordem dos 10 mil reais (3.400 euros), atraia tanto médicos jovens, recém-formados, como profissionais mais experientes, interessados em novos desafios ligados à realidade brasileira, como trabalhar na região Amazónica e com a população indígena.
Lusa