O trabalho, desenvolvido por membros do Centro de Investigação em Atividade Física, Saúde e Lazer da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (CIAFEL), encontra-se neste momento em fase de recolha de dados, indicou à Lusa a coordenadora a nível nacional, Maria Paula Santos.

Selecionados em escolas do Porto, os adolescentes participantes têm entre os 12 e os 18 anos e, numa primeira fase, durante sete dias consecutivos, usaram um acelerómetro e um GPS, para medir os níveis de atividade física.

Para além disso, os participantes responderam a um questionário cujos dados estão a ser utilizados pelos investigadores para obter informações sobre a perceção que os jovens têm a respeito do meio que os rodeia.

A seleção da amostra é feita por áreas que mostram a variabilidade do ambiente construído, o que depende não só dos aspetos do próprio ambiente mas também de questões socioeconómicas.

Os avaliados vão ser divididos em quatro grupos, constituídos por jovens de alto e baixo nível socioeconómico e que habitam zonas onde as deslocações são mais ou menos fáceis.

"O ambiente físico, o ambiente construído e a intervenção humana nas cidades são um desafio importante na promoção da atividade física e da saúde, visto que a tendência é o aumento da urbanização", referiu Maria Paula Santos.

O "IPEN Adolescent - International Study on Built Environment and Physical Activity" surgiu no seguimento de um estudo do género realizado com adultos, desenvolvido pela mesma entidade.

A grande vantagem desta investigação é, segundo Maria Paula Santos, o facto de todos os países envolvidos utilizarem a mesma metodologia, quer ao nível dos questionários de auto preenchimento colocados aos jovens, quer nas variáveis obtidas pelos instrumentos.

O ambiente "não interfere da mesma em todos os países e isso fica muito claro quando se realizam estudos internacionais", referiu a investigadora.

"É possível verificar que em algumas cidades a importância do ambiente em relação a transporte ativo é muito relevante, enquanto em outras o mais importante é a existência de parques e das áreas para a prática de atividade física recreativa", acrescentou.

O projeto teve início em 2014 e acaba em 2016 - acompanha dois anos letivos - e os resultados devem ser publicados em 2017.

A nível nacional participam do estudo os investigadores Jorge Mota, Andreia Pizarro e Juliana Mendes, do CIAFEL, David Vale, da Faculdade de Arquitetura de Lisboa e o arquiteto António Figueiredo.

No panorama internacional, a investigação jovens da Austrália, do Bangladesh, da Bélgica, do Brasil, da República Checa, a Dinamarca, da Alemanha, de Hong Kong, de Israel, do Japão, da Malásia, o México, da Nova Zelândia, da Nigéria, da Espanha, da Suíça, de Taiwan e dos Estados Unidos.

A IPEN - Rede Internacional de Atividade Física e do Ambiente, foi criada pelos professores Jim Sallis (Estados Unidos), Ilse De Bourdeaudhuij (Bélgica) e Neville Owen (Austrália), durante o Congresso Internacional para Medicina Comportamental, em Mainz, na Alemanha, em agosto de 2004.