"53% das inquiridas entre os 50 e 59 anos sente-se esquecida ou fora de prazo, deparando-se com situações de competitividade com mulheres mais jovens, quer ao nível das relações profissionais quer sociais e de amizade, numa luta constante para parecer mais jovem", comenta Marta Quelhas, responsável da Dove Portugal, a marca que promoveu o estudo “Autoestima e o Envelhecimento Feminino”.

A análise procura entender como é que as mulheres portuguesas a partir dos 40 anos experienciam o avançar da idade. A faixa etária dos cinquenta é aquela que o estudo identifica como a mais fragilizada dos 40 aos 70+ anos. Se 66% do total das inquiridas apresenta uma autoestima positiva, esta percentagem baixa para os 50% nas mulheres entre os 50 e 59 anos. E mais: 84% das mulheres nesta idade não se sente apreciada ou valorizada, enquanto 69% alega que não tem motivos para se orgulhar dela própria. É também na meia idade que a mulher ouve mais críticas depreciativas: uma em cada três é alvo de discriminação, sobretudo de amigos ou conhecidos (53% dos casos), relacionada com o seu desempenho e funções (46%), com o seu corpo (36%), e cabelos brancos ou falta de cabelo (28%).

Por outro lado, uma em cada 5 mulheres acima dos 40 anos já foi vítima de comentários negativos e/ou discriminação devido à idade. A discriminação ocorre maioritariamente em contexto profissional (66% dos casos) e as críticas são feitas sobretudo ao desempenho de tarefas e funções.

A psicóloga Filipa Jardim da Silva aponta: "O medo de adoecer, de perder valor enquanto pessoa e profissional, de perder autonomia, de deixar de ser atraente ou de ficar sozinha, são os principais receios associados ao avançar da idade, que quando não reconhecidos e regulados, podem originar perturbações de ansiedade e de humor deprimido".

Outra das principais conclusões do estudo “Autoestima e o Envelhecimento Feminino” é que a menopausa impacta negativamente a confiança da mulher. Prova disso é que embora só 38% das inquiridas se refira à idade como uma preocupação, esta percentagem sobe para 47% no caso das mulheres que estão a passar pela menopausa.

Perante estas conclusões, a psicóloga Filipa Jardim da Silva comenta: "Algumas das alterações físicas e hormonais inerentes à menopausa podem afetar como as mulheres se sentem em relação a si mesmas. Devemos lembrar-nos que esta é a fase que encerra o ciclo fértil feminino, acabando por marcar a passagem do tempo de uma forma muito concreta, o que muitas vezes abala psicologicamente a mulher. A menopausa coincide também com outras mudanças significativas na vida da mulher, como a saída dos filhos de casa ou perda de familiares".

Além disso, 67% das mulheres considera que existem poucos recursos de apoio para lidar com a menopausa e 54% sente que este é ainda um tema tabu para a sociedade. De facto, “a sociedade em geral ainda compreende pouco as várias etapas da vida da mulher, incluindo a menopausa. Isso traduz-se na falta de um acompanhamento pluridisciplinar adequado em saúde, na escassez de planos de prevenção, ou na forma rígida e pouca empática com que as pessoas e até mesmo algumas empresas tratam as mulheres à medida que envelhecem”, reforça a especialista.