Estenose aórtica afeta 1 em cada 15 portugueses com mais de 80 anos. Trata-se de um aperto na válvula aórtica, provocando cansaço, dor no peito e desmaios. Apesar de ter tratamento, muitos doentes não o estão a receber.

Lino Patrício, médico cardiologista
Lino Patrício, médico cardiologista

"É, por isso, necessário alertar a sociedade em geral e a comunidade médica em particular de que não se deve deixar de tratar alguém pelo facto de ser idoso. A população está a envelhecer muito rapidamente e o nosso sistema de saúde começa a ter alguma dificuldade em acompanhar esse fenómeno. Porém, é importante estarmos preparados para tal", diz Lino Patrício, médico cardiologista, membro da Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular e coordenador da campanha portuguesa Valve for Life.

"Temos de saber a quem implantar as válvulas, mas não as podemos negar por o doente ser idoso", acrescenta.

O tratamento para a estenose aórtica passa pelo implante de uma nova válvula cardíaca, através de um cateter introduzido por uma artéria (geralmente na virilha), sem necessidade de parar o coração. "Esta técnica minimamente invasiva é utilizada há mais de 20 anos em cardiologia.   Atualmente existem 5 centros públicos e 6 centros privados de Hemodinâmica, em Portugal, com capacidade para a realização deste procedimento", comenta.

Para melhorar o acesso ao tratamento da estenose aórtica, além da sensibilização e valorização dos sintomas, é preciso também aumentar a referenciação de doentes com patologia valvular, ou seja, acelerar o diagnóstico realizado pelos médicos de medicina geral e familiar e o atempado encaminhamento para o cardiologista, salienta o médico. "Após o diagnóstico da doença é necessário melhorar o acesso e as respostas dos centros capazes de efetuar este tratamento", conclui.

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