Os malefícios do tabaco nas crianças são velhos conhecidos: a substâncias nocivas do cigarro favorecem a ocorrência de asma, o nascimento de bebés com baixo peso e o desenvolvimento de deformidades congénitas nos fetos.
Mas o papel do fumo sobre os comportamentos é muito menos estudado, ressaltou o Instituto Nacional de Pesquisa Médica de Saúde de França (Inserm), responsável pela investigação.
"A exposição ao tabaco durante a gravidez e após o nascimento praticamente duplica os risco de problemas comportamentais entre as crianças escolarizadas no ensino fundamental", comentou Isabella Annesi-Maesano, investigadora da Universidade Pierre e Marie Curie e coordenadora da investigação.
Mentir e até roubar
As crianças expostas ao tabaco tornam-se mais agressivas: conflituosas, desobedientes, raivosas e mais frequentemente inclinadas para mentir, enganar e até roubar, acrescenta.
De acordo com a investigação, publicada na revista norte-americana PloS One, a proporção das crianças expostas ao tabaco em período pré e pós-natal (18%) têm este tipo de condutas anormais (18%). Porém, as crianças que não tiveram proximidade com ambientes de fumadores tendencialmente desenvolvem comportamentos menos desviantes (9,7%).
No estudo, 13% das crianças tiveram problemas de conduta e 15% problemas emocionais - quer tenham sido expostos ou não ao tabaco, explicou a pesquisadora. Ao todo, 20% das crianças estudadas de cinco hospitais francesas foram expostas ao tabaco durante a gravidez e nos primeiros meses de vida.
Trabalhos anteriores já tinha mostrado existir uma relação entre a exposição ao tabaco e uma taxa acentuada de problemas comportamentais. Mas o novo estudo, é o primeiro a mostrar num número tão grande de crianças, uma "associação" entre a exposição pós-natal ao tabaco e o desenvolvimento de problemas emocionais e de conduta.
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