“As vacinas contra a covid-19 devem ser utilizadas de acordo com a informação aprovada sobre os seus produtos, que descreve como devem ser utilizadas para alcançar o nível de proteção observado nos grandes ensaios aleatórios que apoiam a eficácia destas vacinas”, afirma a EMA em resposta escrita enviada à agência Lusa.
Questionada pela Lusa sobre o caso português – dado que as autoridades sanitárias estão a equacionar adiamentos da toma da segunda dose da vacina para permitir administrá-la a mais pessoas este trimestre – a agência europeia não respondeu diretamente, mas deu o exemplo dos estudos realizados para a vacina da BioNtech/Pfizer sobre a “administração de duas doses com um intervalo de até 42 dias”.
“Deve portanto ser considerado aceitável se a vacina for tomada até duas a três semanas mais tarde”, conclui a EMA.
Na informação emitida pela EMA aquando da aprovação da vacina da BioNtech/Pfizer lê-se que “as análises de eficácia incluíram participantes que receberam a sua segunda vacinação no prazo de 19 a 42 dias após a sua primeira vacinação”.
Esta posição é semelhante à da Organização Mundial de Saúde, que em janeiro admitiu que, dada a escassez de produção, a segunda dose da vacina da BioNtech/Pfizer pode ser “atrasada algumas semanas” e que o período de intervalo no fármaco da Moderna pode ser ampliado para 42 dias.
A vacina da BioNtech/Pfizer contra a covid-19 foi a primeira a receber ‘luz verde’ do regulador europeu, em dezembro passado, seguindo-se a da Moderna já em meados de janeiro deste ano, ambas assentes na tecnologia do ARN mensageiro.
Mais recente, no final de janeiro, a EMA aprovou a vacina da AstraZeneca, que tem estado envolta em polémica por insuficiente produção para a UE.
Na resposta à Lusa, a EMA insiste que “as vacinas contra a covid-19 devem ser utilizadas de acordo com a informação aprovada sobre os seus produtos”, lembrando que os prazos normalmente recomendados para administração da segunda dose são 21 dias para o fármaco da Pfizer/BioNTech, 28 dias para o da Moderna e entre 28 a 84 dias para o da AstraZeneca.
Depois de farmacêuticas como a AstraZeneca terem informado a Comissão Europeia de que iriam entregar menos doses do que as acordadas para o primeiro trimestre de 2021, Bruxelas criou um grupo de trabalho para tentar resolver quebras de produção.
Na semana passada, a Comissão Europeia apresentou também uma estratégia para incrementar esta produção de vacinas contra a COVID-19 na UE, prevendo estreita colaboração com fabricantes para ajudar a monitorizar as cadeias de abastecimento e fazer face aos problemas de produção.
Em Portugal, o coordenador do plano de vacinação contra a COVID-19 defendeu na quarta-feira o adiamento da toma da segunda dose para permitir a vacinação de mais 200 mil pessoas até final de março, notando que o assunto está a ser estudado pela Direção-Geral da Saúde e pelo Infarmed.
A pandemia de COVID-19 provocou, pelo menos, 2.508.786 mortos no mundo, resultantes de mais de 112,9 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 16.243 pessoas dos 802.773 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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