O chefe de Estado deixou esta mensagem durante uma cerimónia na Sala das Bicas do Palácio de Belém, em Lisboa, em que recebeu da Cáritas Portuguesa uma “vela da paz”, símbolo da campanha de solidariedade natalícia “10 milhões de estrelas” desta organização católica.
“Não basta dizer que não pode ninguém ficar para trás, é preciso diminuir as desigualdades que se agravaram entretanto”, declarou o Presidente da República, acrescentando: “É preciso que aqueles que estão para trás se aproximem daqueles que estão em posição privilegiada”.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, “este é um grande desafio de Natal e do ano que está a entrar”, que a todos convoca, “é um grande desafio nacional”.
“Por isso, esta vela é uma vela de recordação a todos de que o esforço tem de ser de todos, mas tem de ser concentrado de forma muito especial nos que menos têm, nos que mais dependem, nos que mais sofrem”, considerou.
O Presidente da República alertou para os efeitos económicos e sociais da pandemia de covid-19, dizendo que “se traduziu em portugueses mais pobres, em muitos casos, em mais desigualdades, em mais desempregados, em mais portugueses com cortes salariais – apesar do esforço das medidas de natureza social que têm sido tomadas para reduzir, para limitar os efeitos da crise”.
“É olhar para o número dos sem-abrigo, que aumentou, infelizmente, bastante por todo o pais, é olhar para aqueles que têm situações de maior provação, na doença, por virtude da idade, pelo abandono, pela solidão”, apontou.
O chefe de Estado defendeu que “não vale de nada” Portugal avançar “no digital, na transição no domínio da energia, nas qualificações mais sofisticadas”, se ao mesmo tempo “o lastro dos que ficam numa posição cada vez mais afastada for aumentando”, porque assim “a sociedade como um todo não avança, a sociedade recua”.
“Muitas vezes nós, os privilegiados, os que tivemos ou temos condições mais favorecidas, pensamos naquilo que nos aproxima dos mais avançados na Europa e no mundo, que é fundamental, e esquecemo-nos que ali ao lado há um sem-abrigo ou alguém por razões de idade ou de saúde que precisa de um cuidador informal – com condições precárias ainda para desempenhar a sua missão”, referiu.
Marcelo Rebelo de Sousa agradeceu à Cáritas Portuguesa por “nunca se ter demitido da sua função social” de “olhar para os mais pobres, dependentes e explorados”.
Antes, a presidente da Cáritas Portuguesa, Rita Valadas, afirmou que, neste ano “especialmente difícil” para os portugueses, “trazer a luz da paz hoje é dizer que vale a pena, que esta luz é a luz da esperança, Natal é um tempo de esperança”.
“Contem com a Cáritas em Portugal para ajudar naquilo em que a Cáritas puder ser útil, até porque está bastante próxima e nessa proximidade certamente nós conseguiremos ajudar”, acrescentou.
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