Somam-se 1.169 assistentes operacionais, técnicos e outros profissionais de saúde infetados, revelou António Lacerda Sales, na conferência de imprensa diária de atualização sobre a pandemia da COVID-19 em Portugal.

Já questionada sobre os dados de um inquérito da Escola de Saúde Pública (ENSP), tornado público na quarta-feira e que revela que mais de seis em cada 10 casos suspeitos de covid-19 em profissionais de saúde não foram submetidos a vigilância ativa e apenas um quarto realizou o teste nas primeiras 24 horas, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, sem comentar diretamente o estudo, apontou que nenhum dos valores lhe “parece à partida estranho”.

COVID-19: 10 cuidados ao entrar dentro de casa segundo a Direção-Geral da Saúde
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“Quero crer que com as equipas de saúde ocupacional e com as autoridades de saúde, muitos dos profissionais de saúde que ficaram em casa durante 14 dias ficaram em vigilância passiva, ou seja, eles próprios a vigiarem os seus sintomas e a reportarem. Trata-se de uma população especial com capacidade para se autovigiar. Nenhum destes valores nos parece à partida estranho”, respondeu.

O inquérito da ENSP compila os dados do primeiro questionário feito aos profissionais de saúde pelo Barómetro Covid-19, reportando-se ao período entre os dias 02 e 10 de abril e correspondendo a 4.212 respostas de médicos, enfermeiros, técnicos de diagnóstico e terapêutica, assistentes operacionais, farmacêuticos, nutricionistas, psicólogos e os profissionais dos laboratórios.

Destes, 36,7% trabalham em áreas dedicadas ao tratamento de doentes ou suspeitos covid-19, nomeadamente em cuidados de saúde primários (39,1%), urgências (31,8%), enfermarias (21,7%), Cuidados Intensivos (12,6%) e em outros locais (19,5%).

“A realidade concreta aponta para que mais de 10% de todos os infetados sejam profissionais de saúde que, para além de constituir um grupo de risco específico quando a doença é contraída na prestação de cuidados aos doentes pode, na atual fase pandémica, também constituir potencial risco para os seus contactos”, afirma Florentino Serranheira, coordenador do estudo do Departamento de Saúde Ocupacional e Ambiental da ENSP.

Sem comentar estes dados em concreto, Graça Freitas disse esta manhã que “um profissional de saúde ou uma pessoa que precise de ficar isolada durante 14 dias porque teve um contacto próximo” com caso covid-19 “não necessita obrigatoriamente de fazer teste”.

“Porque quer o teste dê positivo ou negativo faz a quarentena por causa do período de incubação e tem de ficar afastado do local de trabalho. Quanto à vigilância ativa, isso quer dizer que uma pessoa fica em casa durante 14 dias e é contactada pelas autoridades de saúde. Mas muitas vezes as pessoas têm capacidade de fazer auto vigilância. Aquilo a que chamamos vigilância passiva”, referiu, admitindo que esse seja o caso de muitos profissionais de saúde.

O secretário de Estado da Saúde disse ainda que a decisão do Presidente da República de prolongar o estado de emergência até 2 de maio “vai ao encontro das diferentes medidas cautelosas” que têm sido tomadas devido à COVID-19.

António Lacerda Sales salientou que a decisão de Marcelo Rebelo de Sousa vai ai encontro do “discurso cauteloso” das autoridades de saúde, nomeadamente do Ministério da Saúde e da Direção-Geral da Saúde (DGS), apontando que têm sido tomadas medidas “de acordo com a própria proporcionalidade do próprio surto”.

“O decreto do senhor Presidente da República vai ao encontro do nosso discurso cauteloso. O regresso à atividade mais normal não é incompatível com a manutenção da contenção social e das medidas que temos tomado ao longo deste tempo. Isto é um surto global, um surto com grande dinamismo. Pensamos que sim, que o decreto vai ao encontro das diferentes medidas cautelosas que temos vindo a tomar e que vamos com certeza continuar a tomar”, disse o governante.

A nível global, a pandemia de COVID-19 já provocou mais de 137 mil mortos e infetou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 450 mil doentes foram considerados curados.

Em Portugal, morreram 629 pessoas das 18.841 registadas como infetadas, segundo o balanço de hoje.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.