“O nosso sistema de vigilância acabou de identificar três casos suspeitos. Dois desses casos são aqui no concelho da Praia e referem-se a duas turistas provenientes de Portugal, da zona do Porto, uma com 32 anos e outra com 26 anos”, divulgou Artur Correia.
Um terceiro caso é um cidadão cabo-verdiano de 49 anos, na ilha de São Vicente, que chegou a Cabo Verde, proveniente de Roma, Itália, na terça-feira, também na terça-feira. “Entraram no país assintomáticos”, afirmou o Diretor Nacional de Saúde de Cabo Verde.
Os três suspeitos estão em isolamento nos hospitais Agostinho Neto (Praia, ilha de Santiago) e Batista de Sousa (Mindelo, São Vicente), esclareceu.
Em conferência de imprensa, no Palácio do Governo, na cidade da Praia, o Diretor Nacional de Saúde esclareceu que os três casos estão em internamento desde quarta-feira.
No caso das duas portuguesas, as amostras recolhidas e enviadas para análise no Instituto Nacional de Saúde Pública Doutor Ricardo Jorge, em Lisboa, deverão apresentar resultados até à manhã de sexta-feira. As análises recolhidas ao caso suspeito na ilha de São Vicente devem seguir ainda hoje para Lisboa.
"As duas de Portugal vieram no domingo e só apresentaram sintomas antes de ontem [terça-feira] e comunicaram ontem [quarta-feira] às autoridades. E ontem mesmo foram transferidas para isolamento", disse ainda Artur Correia.
Acrescentou que foi ativado o estado de "risco iminente", estando em curso um levantamento das pessoas com quem estes três casos suspeitos contactaram em Cabo Verde.
Até ao momento, Cabo Verde não registou qualquer caso confirmado da epidemia de Covid-19, provocada por um novo coronavírus e que foi elevada à classificação de pandemia, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), na quarta-feira.
O primeiro-ministro cabo-verdiano anunciou na terça-feira o alargamento da interdição dos voos de Itália para Cabo Verde até 30 de abril e “vigilância apertada” nas viagens provenientes de França, Portugal e Espanha, devido ao Covid-19.
“A interdição de voos para Itália, tendo em conta a prevalência de casos. Tomámos a decisão em tempo útil e oportuno e vai ser prorrogada até 30 de abril, porque tínhamos definido um período de três semanas e continuaremos a fazer avaliação da situação da epidemia em Itália”, disse o chefe do Governo cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, na apresentação de um plano nacional de contingência para prevenção e controlo do Covid-19.
Relativamente a outros países com casos da doença e onde há também um fluxo grande e permanente de transporte e diretos para Cabo Verde, nomeadamente Espanha, França e Portugal, Ulisses Correia e Silva afirmou que será mantida a “triagem e vigilância apertadas” nos aeroportos.
Também anunciou que serão cancelados até 30 de junho todos os eventos internacionais no país, que reúnam números elevados de participantes vindos de países assinalados com a epidemia.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a doença COVID-19 como pandemia, uma decisão que justificou com os "níveis alarmantes de propagação e de inação".
A pandemia de COVID-19 foi detetada em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.500 mortos em todo o mundo.
O número de infetados ultrapassou as 124 mil pessoas, com casos registados em 120 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 78 casos confirmados. Até ao momento, as escolas portuguesas mantêm-se abertas, exceto aquelas encerradas de forma casuística por ligação a casos confirmados ou casos suspeitos.
O Governo português decidiu suspender todos os voos com destino ou origem nas zonas mais afetadas em Itália, recomendando também a suspensão de eventos em espaços abertos com mais de 5.000 pessoas. Ordenou também a suspensão temporária de visitas em hospitais, lares e estabelecimentos prisionais na região Norte, a mais afetada.
Foram também encerrados alguns estabelecimentos de ensino, sobretudo no Norte do país, assim como ginásios, bibliotecas, piscinas e cinemas.
Os residentes nos concelhos de Felgueiras e Lousada, no distrito do Porto, foram aconselhados a evitar deslocações desnecessárias. Um pouco por todo o país, centenas de eventos têm sido cancelados num esforço conjunto para travar a propagação do COVID-19.
A Itália é o caso mais grave depois da China, com mais de 12.000 infetados e pelo menos 827 mortos, o que levou o Governo a decretar a quarentena em todo o país.
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