“Estamos a apoiar o Ministério da Saúde e o Governo, em geral, porque a resposta não é só do Ministério da Saúde, têm que estar envolvidas outras áreas, por exemplo, a segurança, a Polícia de Fronteira, os portos, Ministério da Agricultura, a comunicação social. Porque a resposta a uma emergência é conjunta, não é só do setor da saúde, mesmo se é um aspeto da saúde”, pediu Hernando Agudelo Ospina.
O representante da OMS, em Cabo Verde há menos de 15 dias, substituindo Mariano Castellon, falava na cidade da Praia, no final de uma sessão de informação a jornalistas cabo-verdianos sobre o novo coronavírus Covid-19.
Apesar de a OMS ter declarado a doença como uma emergência internacional, o representante aproveitou para clarificar que em Cabo Verde a situação ainda não é de emergência e que não há registo de nenhum caso suspeito.
“Estamos perante uma situação de preparação, em que a OMS solicita a todos os países a estarem preparados em caso de detetarem no seu território um caso de coronavírus, que possa responder de forma mais rápida, adequada e com todos os meios possíveis para poder evitar o alastramento”, sustentou a mesma fonte.
Hernando Agudelo Ospina referiu que há diferentes pilares nos quais de deve agir para dar uma resposta satisfatória, nomeadamente na logística, vigilância, diagnóstico, informação e equipamentos.
“Há diferentes aspetos que têm que ser preenchidos e Cabo Verde está a trabalhar nessa direção”, salientou o representante da OMS, para quem a preparação para uma emergência não se consegue em apenas 24 horas, mas sim com diferentes passos e com tempo.
“Há alguns passos que já foram atingidos e há ainda mais passos para continuar a caminhar”, prosseguiu, dando como exemplo a definição da forma de transporte de casos suspeitos, de uma ilha como Santo Antão, a mais a norte do país e que tem somente ligações marítimas diárias com São Vicente.
No que diz respeito à parte laboratorial, Hernando Agudelo Ospina garantiu que a OMS está à procura de uma forma de ajudar Cabo Verde a fazer o diagnóstico em laboratórios do país, em vez de enviar amostras para o Instituto Pasteur, no Senegal, ou Ricardo Jorge, em Portugal.
Durante a sessão, a médica Flávia Semedo, ponto focal da OMS em Cabo Verde, informou que o país já recebeu até agora 53 pessoas oriundas da China, sendo que apenas três já ultrapassaram os 14 dias máximo para a incubação da infeção.
O número total de mortes pelo surto, inicialmente detetado em dezembro, fixou-se hoje em 1.367, enquanto o número de casos confirmados ascendeu a 59.804, em toda a China continental.
Para além do continente chinês, Hong Kong e as Filipinas reportaram um morto cada um.
A Comissão Nacional de Saúde da China detalhou que, entre os pacientes, há 8.030 casos graves e que 5.911 pessoas foram curadas e tiveram alta.
A província chinesa de Hubei, de onde o vírus é originário, registou, nas últimas 24 horas, 242 mortos, mais do dobro em relação ao dia anterior.
Também o número de infetados ultrapassou em quase dez vezes os casos reportados na quarta-feira. Foram registados mais 14.840 novos casos da infeção na província, fixando o total em mais de 48 mil.
O balanço é superior ao da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, na sigla em inglês), que entre 2002 e 2003 causou a morte a 774 pessoas em todo o mundo, a maioria das quais na China, mas a taxa de mortalidade permanece inferior.
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