O investigador do William James Center for Research do Ispa – Instituto Universitário, Rui Miguel Costa desenvolveu um estudo sobre os benefícios do vinho na consciência, para além dos já conhecidos efeitos ao nível do paladar. Os resultados da experiência, que avaliou 102 voluntários, permitiram concluir que o consumo de vinho levou a que os participantes se sentissem mais estimulados e com mais prazer, tornando as emoções mais positivas.
De um modo geral, o vinho aumentou o foco de atenção no momento presente, ora diminuindo a consciência do tempo, ora fazendo parecer que o tempo passava mais devagar. A imaginação tornou-se mais vívida e o ambiente ao redor mais fascinante, estimulante; os pensamentos tornaram-se mais originais e criativos. Verificou-se ainda uma sensação de maior proximidade emocional e integração com o ambiente. Algumas pessoas também relataram que a experiência teve aspetos espirituais e que se sentiram ligadas a um poder maior e face a algo de grandioso.
“Sabe-se que o consumo moderado regular de vinho tinto se associa a melhor Saúde Mental, sendo que uma possível razão para tal poderá ser o particular estado de transcendência que o vinho tem o potencial de provocar, quando bebido em ambientes enriquecedores e estimulantes”, refere o investigador do William James Center for Research, Rui Miguel Costa.
O estudo, também desenvolvido pelo investigador da Escola de Turismo e Hospitalidade da Universidade Europeia, Arlindo Madeira, avaliou a alteração da consciência causada por uma dose moderada (mas generosa) de vinho tinto (37 cl. com 14o, correspondentes sensivelmente a 41 gramas de etanol) e realizou-se num wine bar, o exemplo de um local concebido para melhorar a experiência de apreciação do vinho, sendo, portanto, expectável que aqui os efeitos agradáveis sejam também maiores.
“Há poucos estudos sobre os efeitos positivos do álcool na consciência. Esta lacuna é intrigante na medida em que a maior parte das pessoas bebe álcool, não só para tirar prazer do sabor, mas também para tirar prazer dos seus efeitos na consciência, mesmo quando bebe moderadamente”, adverte o investigador.
Os efeitos positivos descritos neste estudo são congruentes com o que desde há muitos séculos se diz a respeito das velhas tradições ligadas ao vinho: que o vinho tem um poder espiritual, retratado em poesia e aplicado em práticas místicas e religiosas ancestrais.
As conclusões do estudo sobre o consumo de vinho tinto poderá levar a outras linhas de investigação: “É interessente fazer aqui um paralelismo com a terapia psicadélica de que recentemente tanto se fala, pois a investigação científica mostra que a eficácia da terapia psicadélica no tratamento de problemas mentais aumenta, na medida em que aumentam certos efeitos psicoativos que se caracterizem por uma certa transcendência e que são descritos de forma semelhante aos efeitos do vinho bebido no wine bar em que se fez o estudo”, refere o investigador.
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