Saiba neste artigo da médica imunoalergologista Marta Chambel quais os leites mais adequados para bebés com alergia a proteínas de leite de vaca (APLV).
Os bebés com alergia a proteínas de leite de vaca (APLV) não podem ingerir ou contactar com leite de vaca ou derivados. O tratamento da APLV inclui a exclusão absoluta da proteína do leite de vaca (PLV) da alimentação.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, até aos 24 meses e sempre que possível, o leite materno deve ser mantido. Idealmente o aleitamento materno exclusivo deve ser mantido até aos 6 meses. O leite materno pode e deve ser usado na preparação de papas e outros alimentos que incluam leite na sua composição.
Quando o aleitamento materno não é possível ou quando o leite materno não é suficiente, existem alternativas que são seguras para bebés com APLV:
Leite extensamente hidrolisado. Estão indicados nos 2 primeiros anos de vida. As proteínas destes leites são“partidas” (hidrolisadas) e por isso o sistema imunológico do bebé com alergia não consegue reconhecê-las. O sabor e o cheiro destes leites não são agradáveis e o seu preço é mais elevado. São tolerados por mais de 90% dos bebés com APLV e por isso são os leites recomendados por todas as sociedades científicas para estes bebés.
Fórmulas de aminoácidos. Estão indicadas nos raros casos em que existe alergia aos leites extensamente hidrolisados, sendo o seu preço superior a estes.
Bebida de soja. Tem um sabor agradável e não é demasiado caro. No entanto, a sua recomendação deve ser cautelosa: não está indicado abaixo dos 6 meses de idade, a alergia a soja pode existir em concomitância com a APLV e alguns estudos referem que contém fitoestrógenos e que por isso poderia ter riscos hormonais.
Outras bebidas vegetais, como aveia, arroz, amêndoa e côco. Não são tão completos do ponto de vista nutricional e por isso devem ser utilizados como substitutos em crianças mais velhas e de acordo com indicação médica.
Existem vários leites que podem parecer alternativas seguras ao leite de vaca mas que não devem ser oferecidos a bebés e crianças com APLV.
Leite parcialmente hidrolisado (HA) - estes leites são submetidos a um processo de hidrólise que causa uma alteração nas proteínas. No entanto, esta alteração não é suficiente para evitar que as mesmas sejam reconhecidas pelo sistema imunológico do bebé e criança com APLV. Estes leites são também muitas vezes recomendados para prevenção das doenças alérgicas em bebés com historial de alergia na família. No entanto, não está comprovado que dar este leite ao bebé previna o aparecimento de alergia alimentar ou respiratória, pelo que não existe nenhum benefício nenhum do ponto de vista alergológico em oferecer leite HA ao bebé.
Leite sem lactose - a lactose é o açúcar do leite. A alergia quando existe é às proteínas do leite. Os leites sem lactose apenas não têm o açúcar mas continuam a conter as proteínas do leite.
Leites de outros mamíferos como cabra e ovelha - as suas proteínas são muito semelhantes às proteínas do leite de vaca. Por isso existe uma grande probabilidade de reação alérgica se bebes e crianças com APLV ingerirem estes leites.
Caso exista dificuldade em encontrar substituto para o leite de vaca poderá fazer sentido o acompanhamento por nutricionista para que o bebé cresça saudável e com nutrição adequada.
Um artigo da médica imunoalergologista Marta Chambel.
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