Qual é a prevalência da psoríase em Portugal?
A psoríase é uma doença inflamatória crónica, imuno-mediada, com elevado impacto na qualidade de vida dos doentes. A sua prevalência na Europa Ocidental é de 2 a 4% e estima-se que afete cerca de 250.000 pessoas em Portugal.
Em Portugal, considera que a doença está subdiagnosticada?
A psoríase continua a ser uma doença subdiagnosticada e subtratada. Muitos doentes não têm acesso a consultas de Medicina Geral e Familiar, e ainda menos a consultas de Dermatologia. Existem também formas particulares de psoríase que, quer pela morfologia quer pela localização, podem ser confundidas com outras doenças quando não são observadas por um dermatologista.
Quais os principais sintomas desta doença?
Geralmente, caracteriza-se por placas eritematosas (avermelhadas) e descamativas com escama prateada envolvendo preferencialmente os cotovelos, joelhos, região lombo-sagrada e couro cabeludo, associando-se muitas vezes a prurido (comichão). Outras áreas frequentemente afetadas e de grande impacto para o doente são as palmas, plantas, unhas e genitais. No entanto, nos casos mais graves pode alastrar-se a áreas mais vastas do corpo. A psoríase está ainda associada a importantes comorbilidades, incluindo cardiometabólicas, articulares e psicológicas.
Que grupos populacionais são mais afetados?
A psoríase pode manifestar-se em qualquer idade, mas tem dois picos de incidência: o primeiro entre os 20 e 30 anos e o segundo entre os 50 e os 60 anos de idade. Atinge de igual modo homens e mulheres e é mais frequente em pessoas com história familiar de psoríase.
Que tratamentos existem para a psoríase? Verifica-se evolução, neste âmbito, nos últimos anos?
Apesar da psoríase não ter cura, é possível tratá-la de forma eficaz, incluindo as formas mais graves, melhorando a qualidade de vida e permitindo uma atividade social e laboral indistinguível da restante população.
A escolha do tratamento depende da gravidade e extensão da doença, assim como das restantes patologias do doente. Nas formas ligeiras e localizadas, as terapêuticas tópicas (em gel, espuma, pomada ou solução) são geralmente suficientes. Nos casos mais extensos ou difíceis de tratar, estão disponíveis a fototerapia e tratamentos orais ou injetáveis. Nestes últimos incluem-se as terapêuticas biológicas, que nos últimos anos revolucionaram o tratamento da psoríase. Atuam em alvos celulares específicos, promovendo a resolução completa ou quase completa das lesões, com cada vez maior segurança.
O que podemos esperar dos próximos anos?
Os avanços que se têm observado no conhecimento da psoríase, têm conduzido ao aparecimento de inúmeras terapêuticas extremamente eficazes, estando muitas ainda em desenvolvimento. Além disso, os medicamentos têm um esquema posológico cada vez mais cómodo, com excelente tolerabilidade. No futuro, espera-se poder chegar o mais precocemente possível ao maior número de doentes, permitindo um controlo rápido da doença e minimizando o impacto na qualidade de vida. A evolução da farmacogenética também possibilitará uma medicina personalizada, prevendo qual o tratamento mais adequado a cada doente.
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