Apesar de não serem ainda completamente conhecidas as causas para esta doença, nesta estão envolvidos, de forma isolada ou associada, alguns problemas:

  • Disfunção valvular das veias pélvicas;
  • Síndrome de Nutt-Cracker (a veia renal esquerda é comprimida entre a aorta e a coluna ou entre a artéria mesentérica superior e a aorta);
  • Síndrome de May-Thurner (a veia ilíaca comum esquerda é comprimida pela artéria ilíaca comum direita);
  • Alterações hormonais (fragilizam a parede venosa). 

Os sintomas e a importância do diagnóstico

A SCP tem como sintomas mais comuns a dor pélvica, sacro-ilíaca, perineal ou ainda na dor na raiz da coxa que se arrasta há mais de seis meses. Além disto, esta doença caracteriza-se ainda pela dispareunia (dor quando a doente tem relações sexuais) e pela existência de um desconforto vaginal após a relação sexual. Esta queixas podem ainda agravar-se quando a doente passa um longo período de tempo em pé, o que pode interferir no bem-estar pessoal e relacional da mulher, levando inclusive a estados de ansiedade e depressão.

Quando são detetados os sintomas descritos anteriormente, é crucial a realização de um diagnóstico. Este implica sempre a exclusão de outras doenças, como a endometriose, a adenomiose, a miomatose uterina, a doença urológica, a doença oncológica retal, a existência de aderências intraperitoneais e a doença neurológica relacionada com a coluna lombar. Excluídas as outras doenças, a Síndrome de Congestão Pélvica pode confirmar-se através da realização de uma ecografia transvaginal pélvica e de uma tomografia computorizada ou ressonância magnética.

Contudo, a parte mais importante para o seu diagnóstico é o conhecimento desta doença por parte das mulheres e da comunidade médica.

O tratamento

Após ser realizado o diagnóstico, deve iniciar-se o tratamento através da utilização de analgésicos, venotrópicos (fortalecem as veias e facilitam a circulação venosa) e derivados da progesterona (para suprimir a função ovárica).

Quando este tipo de tratamento falha, realiza-se então o tratamento endovascular (cirurgia endovascular) com embolização das veias ováricas e/ou ilíacas internas e das varizes pélvicas através da implantação de dispositivos (coils) e/ou da injeção de agentes esclerosantes. Este tratamento é realizado sob anestesia local, com ou sem sedação, e em regime ambulatório ou com internamento de 24 horas. É um método minimamente invasivo, uma vez que é feito través de cateteres, tendo uma taxa de sucesso que varia entre os 80 a 90% e um risco de complicações muito baixo.

Perante as queixas descritas acima, não hesite! Fale com o seu Médico de Família ou com o seu Ginecologista para que estes a referenciem para um Cirurgião Vascular. O atraso no diagnóstico e no tratamento está associado a piores resultados e pode ter consequências graves para o seu bem-estar.

Um artigo do médico Rui Machado, Chefe de Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular e Professor Associado de Cirurgia ICBAS/UP.