Crescer implica turbulências, implica avanços e recuos, por isso, enquanto cresce, uma criança precisa de ter espaço para explorar diversos papéis, precisa de ter espaço para errar, para conquistar e, principalmente espaço para ser ela própria de forma genuína e autêntica.
A verdade é que, por várias razões, nem sempre o crescimento se dá de forma fluída e isenta de mal estar. Apesar de, por vezes, o mal estar ser normal e trazer aprendizagens a uma criança, há algumas circunstâncias em que devemos estar alerta e procurar ajuda especializada. Assim, quando pensamos em crianças e em saúde mental, devemos ficar alerta e procurar ajuda, sempre que surgem:
- Dificuldades em lidar com emoções - sempre que uma criança tem dificuldade em identificar o que está a sentir, em expressar ou em gerir as suas emoções. Sempre que surge uma tonalidade triste persistente, medos que se prolongam no tempo, crises de raiva recorrentes ou ansiedade, por exemplo.
- Dificuldades de comportamento - quando uma criança tem dificuldades em regular o seu comportamento, tendo, por exemplo, movimentos violentos, impulsivos ou agitação excessiva.
- Dificuldades de socialização - quando as relações se tornam difíceis, seja porque a criança se isola, porque não se consegue integrar, porque é vítima de bullying ou porque exerce bullying, por exemplo.
- Dificuldades na relação consigo própria - seja uma autoestima muito frágil, seja uma criança valorizar-se em excesso, a relação de uma criança consigo própria precisa de ser estável e segura.
- Dificuldades escolares - uma quebra significativa do rendimento escolar ou oscilações recorrentes no rendimento escolar de uma criança, dificuldades em manter a atenção e a concentração, são muitas vezes reflexo de dificuldades do foro emocional.
É muito importante que sempre que surgem estes sinais de forma recorrente, olhemos para eles como um reflexo de que alguma área na vida da criança está em desequilíbrio e, por isso, procurarmos ativamente ajudar a criança a encontrar a melhor forma para se reequilibrar e para se sentir tranquila consigo própria, com os outros e com os desafios que vão surgindo no seu crescimento. Só assim, sintonizados com a criança podemos garantir as condições essenciais para o seu crescimento e para a sua saúde mental.
Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.
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