Espirros, tosse, comichões na cara e olhos vermelhos. Abril e maio são os meses em que as alergias de primavera tendem a surgir, causando algum incómodo, especialmente na zona dos olhos, nariz e boca. De facto, na estação em que os dias começam a ficar mais quentes há uma maior concentração de pólen no ar, que promove um aumento das reações alérgicas e que pode, consequentemente, comprometer a saúde oral.
“É muito comum que, na altura da primavera, os pólenes no ar agravem os sintomas de quem sofre de alergia. Contudo, ainda que seja sazonal, é muito importante estar atento aos principais sintomas – que consistem essencialmente no aumento da tosse, espirros, congestão nasal e comichões na cara e no corpo –, para que não evoluam para situações mais graves. Na verdade, além de problemas respiratórios, como a asma, e de pele, como a dermatite alérgica, as alergias podem ainda ter consequências negativas para a saúde oral”, começa por explicar a Ana Ribeiro, médica dentista na MALO CLINIC Porto.
Assim, e num momento em que as alergias de primavera já se fazem sentir, a Ana Ribeiro revela quatro consequências desta condição para saúde oral e como as prevenir:
- Boca seca e risco de cárie: A congestão nasal – muito comum durante as alergias da primavera – pode levar os doentes a respirar pela boca, o que aumenta a sua secura e promove uma diminuição da salivação. Além do mau hálito, este comportamento pode ainda aumentar o risco de cáries dentárias e de infeções orais, uma vez que a saliva desempenha um papel muito importante na proteção dos dentes e tecidos da boca. Para evitar que isto aconteça, em caso de congestão nasal é essencial beber muita água e garantir o conforto respiratório nos espaços fechados, utilizando um humidificador, por exemplo, que ajuda a aliviar sintomas como pele e garganta secas, asma e congestão nasal.
- Inflamação da mucosa oral: Alguns alergénios como o pólen e certas medicações anti- alérgicas podem entrar em contacto com a mucosa oral – isto é, a membrana que reveste o interior da boca –, ao serem inalados ou ingeridos. Este contacto pode causar a irritação e inflamação da boca, como é o caso da estomatite, causando dor, inchaço, úlceras ou vesículas na boca e ainda a sensação de ardor. Ainda que as lesões causadas pela inflamação tendam a passar ao fim de duas semanas, para aliviar os sintomas e combater a infeção podem ser receitados medicamentos próprios. Contudo, a melhor maneira de a prevenir passa essencialmente por realizar os hábitos de higiene oral regularmente com uma escova de dentes suave, adotar uma alimentação saudável e manter a hidratação.
- Consequências da respiração oral: Nas crianças, a respiração oral pode comprometer o correto desenvolvimento boca e dos maxilares, causando problemas funcionais e estéticos no futuro. É fundamental identificar estas consequências o mais precocemente possível para minimizar o impacto que podem desempenhar na saúde oral e no sono da criança. Para além disto, o congestionamento das vias respiratórias causado pelas alergias pode aumentar a intensidade do bruxismo, o distúrbio de apertar e ranger dos dentes, ou da apneia do sono, caracterizada pelo bloqueio frequente das vias respiratórias durante o sono. Estes distúrbios, além de afetarem a qualidade do sono, comprometem também a saúde oral ao danificarem a dentição. Em momentos mais agudos de alergia, recomenda-se igualmente uma rotina diária de irrigação e limpeza nasal, para evitar obstruções nasais durante a noite.
- Aumento do risco de sinusite: As alergias de primavera podem ainda levar à inflamação dos seios nasais, causando sinusite. Esta condição não só causa desconforto nasal, como pode também afetar a dentição e causar dor orofacial. Isto acontece uma vez que a sinusite leva ao inchaço e inflamação das cavidades nasais. Para tratar este tipo de inflamação, tendem a ser receitados antibióticos, descongestionantes e analgésicos, sendo que a maneira mais eficaz de a prevenir é assoar delicadamente o nariz sempre que necessário, evitar ambientes muito poluídos, bem como muito frios e húmidos ou muito secos, e manter consultas regulares com os profissionais de saúde especializados.
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